As baratas e o casamento da dona Baratinha
Manifestante no casamento de Beatriz Barata (Reynaldo Vasconcelos/Futura Press) O tumulto que tem tudo para ficar conhecido na crônica mundana carioca como “o casamento da dona Baratinha”, no último fim de semana (leia mais aqui), é uma boa oportunidade para falarmos da origem da palavra barata. Continua após a publicidade Vocábulo de meados do século […]

O tumulto que tem tudo para ficar conhecido na crônica mundana carioca como “o casamento da dona Baratinha”, no último fim de semana (leia mais aqui), é uma boa oportunidade para falarmos da origem da palavra barata.
Vocábulo de meados do século XVI, barata é – como o francês blatte – um descendente direto do latim blatta, nome que, curiosamente, a princípio não queria dizer exatamente barata, a julgar pela definição do dicionário latino Saraiva. Derivado do verbo grego blapto (estragar, deteriorar), o substantivo blatta tinha sentido genérico semelhante ao de “praga” e era empregado para designar com alguma imprecisão uma série de animais rastejantes (nem todos insetos), a depender do autor.
Há indícios de que a barata estivesse incluída no pacote semântico dos romanos, num tempo em que a entomologia mal engatinhava, mas os bichos que Saraiva registrou foram o milípede (nome culto do que se conhece popularmente como piolho de cobra, um parente menorzinho da centopeia) e o “bicho-de-conta” (como se chama em Portugal o pequeno crustáceo que é mais conhecido no Brasil como barata-da-praia), além da traça, aquela que devora livros, e até do caramujo.
O adjetivo barato, “de preço baixo”, é uma palavra inteiramente diferente, relacionada ao verbo baratar (“negociar”), caído em desuso e de origem controversa: alguns estudiosos o ligam ao substantivo celta mratos (“engano, traição”), outros ao verbo grego pratto (“agir”). Malbaratar e desbaratar têm a ver com esta palavra e não com o nome do inseto.