A suavidade do beijo gay do SBT
Não deixou de ser fiel às raízes latinas da palavra beijo a aguardada cena do capítulo de quinta-feira da telenovela “Amor e revolução”, do SBT, que entrou para a história como a do primeiro beijo gay na TV brasileira. Ao som de uma canção romântica, as personagens das atrizes Luciana Vendramini e Giselle Tigre sugaram […]
Não deixou de ser fiel às raízes latinas da palavra beijo a aguardada cena do capítulo de quinta-feira da telenovela “Amor e revolução”, do SBT, que entrou para a história como a do primeiro beijo gay na TV brasileira. Ao som de uma canção romântica, as personagens das atrizes Luciana Vendramini e Giselle Tigre sugaram os lábios uma da outra longamente, mas com uma suavidade que, além de deixar explícito o desejo de vencer pelo “bom gosto” a resistência do público conservador, acabou por homenagear involuntariamente a etimologia de uma palavra derivada justamente do latim suavis, isto é, “agradável, doce ao paladar e aos demais sentidos”.
Mas vamos com calma: como foi que suavis acabou dando em beijo, uma palavra tão diferente? A resposta é que a evolução foi um processo em várias etapas, mas a principal delas é uma metátese, ou seja, a troca de lugares de fonemas ou sílabas dentro de uma palavra. Assim como de “depedrar” se fez depredar e de “desvariado”, desvairado, de savium ou suavium chegou-se no próprio latim a basium – matriz do português beijo (palavra do século 13), do espanhol beso, do italiano bacio e do francês baiser.