A posse e o desempossamento
No dia seguinte à cerimônia de posse do ministro Joaquim Barbosa como presidente do Supremo Tribunal Federal, a Confederação Brasileira de Futebol desempossou (ou desapossou) Mano Menezes do cargo de técnico da seleção brasileira. O que uma notícia tem a ver com a outra? Nada além do fato de serem variações em torno de um […]

No dia seguinte à cerimônia de posse do ministro Joaquim Barbosa como presidente do Supremo Tribunal Federal, a Confederação Brasileira de Futebol desempossou (ou desapossou) Mano Menezes do cargo de técnico da seleção brasileira.
O que uma notícia tem a ver com a outra? Nada além do fato de serem variações em torno de um mesmo tema latino ancestral, o popular potere, verbo derivado do clássico possum, potes, potui, infinitivo posse, que significava “poder, ter o poder de, ser capaz de” (Saraiva).
Dessa árvore brotaram muitas palavras da língua portuguesa, um grupo semanticamente heterogêneo que inclui o verbo possuir, o adjetivo possesso e os substantivos possibilidade, potência, potentado e posseiro. Todos esses termos se relacionam de alguma forma com a ideia de poder fazer, de ter capacidade para tanto. Do domínio que uma pessoa exerce sobre algo – ou, como no caso de possesso (“possuído pelo demônio”), que algo exerce sobre a pessoa.
Embora o parentesco não seja evidente a olho nu em nossa língua, o substantivo posse é herdeiro direto da própria forma infinitiva (substantivada) do verbo poder em latim. Foi por extensão de sentido que adquiriu a acepção de investidura de alguém em um cargo de poder e, num passo seguinte, da própria cerimônia em que ocorre essa investidura.
As acepções de posse, como se sabe, são muitas, mas todas estão ligadas de algum modo à ideia de poder, do ato de possuir sexualmente (o ponto de vista é masculino) à propriedade de um bem imóvel.