A ‘palavra com F’, uma lenda estrangeira
John Travolta em ‘Pulp fiction’: 257 vezes A lenda etimológica de hoje poderia ser chamada de legend, pois é uma crendice que envolve a origem de uma palavra da língua inglesa – não da nossa. E o que temos nós a ver com isso? Muita coisa. Continua após a publicidade Estamos falando (tirem as crianças […]

A lenda etimológica de hoje poderia ser chamada de legend, pois é uma crendice que envolve a origem de uma palavra da língua inglesa – não da nossa. E o que temos nós a ver com isso? Muita coisa.
Estamos falando (tirem as crianças da sala) de fuck, também chamada de “palavra com F”, palavrão de grande penetração dentro e fora do cinema – pronunciado, como informa quem se deu ao trabalho de contar, 246 vezes em “Os bons companheiros”, de Martin Scorsese, e 257 em “Pulp fiction”, de Quentin Tarantino, para citar apenas dois campeões.
A historinha sem fundamento que circula – e como circula – sobre fuck, e que já vi muita gente defender com ardor, é engraçada. Sustenta que a palavra teria nascido de uma sigla, F.U.C.K., inciais da expressão Fornication Under Consent of the King, isto é, “Fornicação com a permissão do rei”.
Essas iniciais, segundo a lenda, seriam pintadas na porta dos recém-casados por soldados de uma vaga época medieval. A verdade, como costuma ocorrer, é bem menos excitante: fuck é uma palavra que possui raízes fundas no inglês antigo. Embora tenha história meio nebulosa, por haver passado séculos relegada ao território sombrio dos tabuísmos (só estreou num dicionário, o Penguin Dictionary, em 1966!), é certamente de origem germânica, parente do norueguês dialetal fokken, “copular”, e do do sueco dialetal fock, “pênis”.