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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

A origem de Cuba – e do seu velho sonho de ser ‘libre’

O histórico acordo costurado entre Barack Obama e Raúl Castro faz de Cuba a Palavra da Semana. Uma palavra de origem quase tão controversa quanto a posição ocupada pela própria ilha na paisagem política e ideológica do planeta nos últimos cinquenta anos. A etimologia do nome do país é uma zona de guerra. Menos violenta, […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h26 - Publicado em 19 dez 2014, 16h00

O histórico acordo costurado entre Barack Obama e Raúl Castro faz de Cuba a Palavra da Semana. Uma palavra de origem quase tão controversa quanto a posição ocupada pela própria ilha na paisagem política e ideológica do planeta nos últimos cinquenta anos.

A etimologia do nome do país é uma zona de guerra. Menos violenta, claro, do que aquela que opõe defensores e críticos da extemporânea ditadura comunista encabeçada pelos eternos irmãos Castro, mas em compensação disputada por um número maior de facções.

“Cuba”, curiosamente, é também uma palavra espanhola (e portuguesa) oriunda do latim cuppa e que significa “recipiente para líquidos”, mas a explicação para o nome do país deve ser buscada em outro lugar.

A parte pacífica da etimologia de Cuba é sua raiz indígena, profundamente caribenha. As teses que se enfrentam têm isso em comum: Cuba viria de coa + bana (“lugar grande”), ciba (“montanha”) ou ainda cubanacan (“lugar central”) – esta última, a versão mais prestigiada.

O Houaiss informa que a palavra aparece em 1492 no diário do navegador Cristóvão Colombo, que mesmo assim tentou emplacar um nome europeizado para a ilha: Juana, em homenagem a Juan de Castilla, herdeiro do trono espanhol. Fernandina, Santiago (que virou nome da segunda cidade mais importante do país) e Ave María foram outros batismos que não vingaram.

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Como curiosidade, acrescente-se que o drinque cuba-libre, mistura de rum com Coca-Cola que fez sucesso entre os jovens dos anos 1960-70, não deve seu nome ao indiscutível prestígio pop-libertário-romântico que a revolução cubana de 1959 teve em seus primeiros anos, quando ainda não ficara claro que a detestável ditadura de Fulgencio Batista seria substituída por outra – naquele processo tipicamente latino-americano em que, como disse o escritor americano David Foster Wallace, os rebeldes que derrubam tiranos se tornam “tiranos mais competentes”.

Embora a popularidade da cuba-libre naquele momento histórico tenha, claro, relação com os feitos bombásticos de Fidel Castro e Che Guevara, o nome cuba-livre existia desde a guerra de independência do país, em fins do século XIX, de acordo com o filólogo brasileiro Antenor Nascentes. A princípio nomeava uma bebida não alcoólica, à base de água quente e mel, que os soldados nacionalistas em campanha engoliam quando faltava café.

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