‘À flor da pele’ tem crase? Por quê?
“Ensinaram-me que a expressão ‘à flor da pele’ recebe a crase por ser uma expressão de base feminina cristalizada. No entanto, ao transmitir tal informação, fui questionada por pessoas que diziam que não existe esse termo para se tratar de tal ocorrência. Por gentileza, gostaria de sanar essa minha dúvida. Atenciosamente.” (Ana Paula Silva) Também […]
“Ensinaram-me que a expressão ‘à flor da pele’ recebe a crase por ser uma expressão de base feminina cristalizada. No entanto, ao transmitir tal informação, fui questionada por pessoas que diziam que não existe esse termo para se tratar de tal ocorrência. Por gentileza, gostaria de sanar essa minha dúvida. Atenciosamente.” (Ana Paula Silva)
Também não sei muito bem o que seria uma “expressão de base feminina cristalizada”, Ana Paula, mas “à flor da pele” tem crase, sim.
Isso ocorre simplesmente porque existe na expressão uma inapelável contração da preposição a com o artigo definido de “a flor da pele”. A + a = à.
“Flor” quer dizer, em tal contexto, “superfície”, acepção que também aparece em uma expressão como “à flor d’água”, e expressa uma sensibilidade aguçada ou mesmo uma vulnerabilidade, como fica bem ilustrado naquela canção de Zeca Baleiro: “Ando tão à flor da pele/ Que qualquer beijo de novela me faz chorar”.
A preposição a exprime aí uma noção de lugar: “à flor da pele” é a forma abreviada da expressão “com os nervos à flor da pele”.
Em outras palavras, a crase de “à flor da pele” tem a mesma explicação da crase de “à beira-mar”, “à beira de um ataque de nervos”, “à tona”, “à mesa” etc.
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