A curiosa história do inglês ‘baitola’
A lenda que se apresenta hoje, sobre a origem do brasileirismo chulo “baitola” (“homossexual passivo”, na definição do Houaiss), é diferente das que costumam ser examinadas neste espaço. Não pode ser sumariamente desmistificada, pela razão simples de que não há sombra de tese alternativa para explicar a origem da palavra. Tampouco pode ser confirmada, devido […]

A lenda que se apresenta hoje, sobre a origem do brasileirismo chulo “baitola” (“homossexual passivo”, na definição do Houaiss), é diferente das que costumam ser examinadas neste espaço. Não pode ser sumariamente desmistificada, pela razão simples de que não há sombra de tese alternativa para explicar a origem da palavra. Tampouco pode ser confirmada, devido à ausência de fontes documentais.
Vamos a ela: a palavra baitola (também se usa “baitolo”), existente no português brasileiro desde o século XIX, teria surgido como gozação a um engenheiro inglês homossexual que, chefiando a construção de uma via férrea no Brasil, chamava assim, com pronúncia anglófona, a bitola da ferrovia, isto é, a distância entre os trilhos.
Em seu “Dicionário do Nordeste”, Fred Navarro apresenta a seguinte abonação, tirada do livro “Miséria e grandeza do amor de Benedita”, de João Ubaldo Ribeiro: “Costurar e lavar roupa, por exemplo, só quem faz bem é mulher ou baitola, isto é de reconhecimento universal”.
Que se trata de uma lenda, algo que circula de boca em boca e constitui a tal “voz do povo”, é inegável. Difícil dizer se tem um fundo de verdade, mas pelo menos sabemos estar diante de uma pepita genuína de “sabedoria popular” e não de uma descarada contrafação internética.