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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

A autoestima precisa de adjetivo para ser positiva?

“‘Descubra como viver saudável e ter autoestima apenas com a correção de sua postura.’ A frase acima tem sentido, mesmo sem especificar se a autoestima é positiva ou negativa? Há uma forma mais correta de se traduzir essa mensagem? Agradeço a atenção.” (Danya Castro) Sim, Danya, a frase faz sentido. A palavra autoestima (auto-estima na […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h06 - Publicado em 28 out 2013, 16h01

“‘Descubra como viver saudável e ter autoestima apenas com a correção de sua postura.’ A frase acima tem sentido, mesmo sem especificar se a autoestima é positiva ou negativa? Há uma forma mais correta de se traduzir essa mensagem? Agradeço a atenção.” (Danya Castro)

Sim, Danya, a frase faz sentido. A palavra autoestima (auto-estima na velha ordem ortográfica) é definida assim pelo Houaiss: “qualidade de quem se valoriza, se contenta com seu modo de ser e demonstra, consequentemente, confiança em seus atos e julgamentos”. Ou seja, por trazer em si o sentido positivo, ela dispensa qualificações.

É claro que se pode dizer que alguém sofre de baixa autoestima – e nunca “baixa estima”, um erro comum do qual falarei um pouco mais no pé desta coluna. No entanto, a negatividade de tal expressão é garantida pelo adjetivo “baixa”, que aponta uma insuficiência de autoestima, uma carência de algo desejável.

Não falta quem argumente que a autoestima, podendo ser grande ou pequena, deveria ser interpretada como uma qualidade neutra que precisaríamos sempre qualificar. Parece ser desse ponto de vista – digamos, “lógico” – que Danya formula sua dúvida.

Ocorre que na linguagem comum é bastante usual atribuirmos sentido positivo a palavras que nascem neutras. Foi o que se deu, por exemplo, com os vocábulos sucesso e êxito: o primeiro surgiu com o significado de “aquilo que sucede”; o segundo, com o de “desenlace, desfecho”. Como se sabe, um estreitamento semântico acabou por lhes acrescentar qualificativos ocultos: “aquilo (de bom) que sucede” e “desenlace (positivo)”.

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Algo parecido ocorreu com o substantivo personalidade, que vem se tornando sinônimo de personalidade forte, marcante. Seria irresponsável afirmar que essa inclinação de Pollyana, de procurar o lado positivo de uma ideia, é um indício do otimismo atávico da espécie. Mas que parece, parece.

Sobre o embaraçoso erro da “baixa estima”, que circula relativamente impune por aí, inclusive no texto e no discurso de pessoas bem informadas, já tratei do assunto aqui, mas convém acrescentar algumas palavras. Fruto de uma confusão entre “auto” e “alto”, ele cria uma entidade tão absurda quanto o substantivo baixo-retrato (aquele que se oporia ao autorretrato) ou o adjetivo baixomático (antônimo sem noção de automático).

*

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