A abominável volta do arrastão
Policial prende suspeito em Ipanema (Severino Silva/Ag. O Dia) A volta do pânico provocado por arrastões às praias do Rio de Janeiro, de onde essas correrias andavam praticamente sumidas desde a onda dos anos 1990, traz de volta para essa palavra do século XVII a recente e infausta acepção, já dicionarizada, de “assalto realizado por […]

A volta do pânico provocado por arrastões às praias do Rio de Janeiro, de onde essas correrias andavam praticamente sumidas desde a onda dos anos 1990, traz de volta para essa palavra do século XVII a recente e infausta acepção, já dicionarizada, de “assalto realizado por grupo numeroso que aborda uma ou mais pessoas ao longo do caminho por onde passa” (Houaiss).
Trata-se de um sentido derivado, por metáfora, de um trio de acepções pesqueiras, uma trançada na outra: ato de recolher a rede de arrasto, isto é, aquela que se arrasta pelo leito do mar; por extensão, a pesca realizada dessa forma e a própria rede. A expansão metafórica faz os banhistas tomarem o lugar dos peixes, levados de arrasto.
Aliás, o sentido de malha de trama aberta, parecida com uma rede de pesca e empregada sobretudo em meias femininas, tem a mesma origem.
Recuando na história da palavra, vamos descobrir na árvore genealógica do arrastão, por trás da óbvia ligação com o verbo arrastar, a ideia de rastro (ou rasto), “pegada, marca deixada no chão”.
Indo ainda mais longe, chegaremos ao nome – caído em desuso – de um tipo de ancinho, o rastro, usado para arar a terra. A palavra é diretamente derivada do latim rastrum, de idêntico sentido, ponto de partida de toda essa história.