
Hoje a Assembleia Geral das Nações Unidas ouviu, pela primeira vez, o presidente norte-americano Donald Trump. O ex-empresário aproveitou a oportunidade para fazer um discurso poderoso sobre a Coreia do Norte, Irã e Venezuela. Chamou Kim Jong-Un, o jovem ditador fanático por basquete, de “Rocket Man” e ameaçou destruir seu país caso a ameaça nuclear continue. Os Estados Unidos não mantêm relações diplomáticas formais com o país, mas, como mostra Evan Osnos em sua excelente reportagem, há uma diplomacia informal, via Nova York, com assessores próximos do ditador. Seu pai usava este canal de forma muito eficaz. O jovem ditador resiste. Trump, líder politico menos experiente do que o norte-coreano, usa termos anacrônicos para tratar de assuntos sensíveis. Mas tudo bem: a expectativa sobre seu desempenho diplomático sempre será baixa.
Trump também citou a possibilidade de tomar alguma ação a respeito da ditadura venezuelana. Pouco provável. Os Estados Unidos teriam pouco a ganhar com isso. Guerras são custosas e não necessariamente populares, especialmente depois do impasse no Afeganistão. Mas que ninguém se preocupe muito. Depois dos 58 mil mortos no Vietnã, a classe média não vai para a Guerra.
O presidente Americano ignorou temas delicados como a mudança climática e foi, em seguida, admoestado com elegância por Emmanuel Macron, presidente da Franca. Mas não foi ingenuidade do aprendiz de político. Segundo o cientista politico Jeffrey Cohen, presidentes norte-americanos definem a agenda pública quando discursam. Não é algo óbvio. Sem citar mudança climática, a população norte-americana prestará menos atenção a este ponto. Presidentes poderiam ser menos relevantes nesse sentido. Trump não deve ler revistas acadêmicas de ciência politica, mas é mais esperto do que parece.