Três problemas do Movimento Passe Livre
Duas coisas no site oficial do Movimento Passe Livre chamam a atenção. A primeira é o modo de decisão do grupo: consenso e, caso seja impossível, votação. Decisões consensuais, de acordo com um texto clássico sobre o assunto, servem para manter um grupo funcionando mesmo que os indivíduos tenham preferências divergentes. Assim todos continuariam com os […]
Duas coisas no site oficial do Movimento Passe Livre chamam a atenção. A primeira é o modo de decisão do grupo: consenso e, caso seja impossível, votação. Decisões consensuais, de acordo com um texto clássico sobre o assunto, servem para manter um grupo funcionando mesmo que os indivíduos tenham preferências divergentes. Assim todos continuariam com os ganhos de pertencer a um grupo, sendo que alguns teriam que se conformar com decisões contrárias às suas preferências.
Se este for o caso, o MPL diz tomar as decisões por voto. É assim que acontece? Honestamente, não sei. Mas é um dilema considerável para qualquer grupo e o MPL parece, ao menos, ter ideias pouco usuais para resolvê-lo.
A segunda é a luta por um transporte púbico ao mesmo tempo “estatal” e “gratuito“. Como equacionar esses dois fatores? Este objetivo, o principal do MPL, é ilógico. “Gratuito” significa não pagar o serviço. “Estatal” significa que o serviço será provido com dinheiro arrecadado, via impostos, dos cidadãos.
E se o transporte estatal for financiado exclusivamente através de tarifas sobre o transporte privado (carros e motocicletas)? Não resolve a questão. Parte da sociedade continuaria pagando pelo direito ao transporte público. (Sobre isso, este texto sobre transporte na Alemanha pode ser útil.)
Outro problema para o MPL é que as leis paulistanas são claríssimas: qualquer manifestação pública tem que ser previamente avisada à prefeitura para que a logística seja organizada. Violar essas leis, como o MPL tem feito, é um tapa na cara de quem as obedece.
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