Entrevista com o Novo Coronavírus: “O melhor do Brasil é o brasileiro”
Uma conversa exclusiva
Jair Bolsonaro está com Covid-19. Mas não é dele esta entrevista. Depois de 111 dias, o Sensacionalista conseguiu, enfim, uma conversa exclusiva com o Novo Coronavírus de 2019, o causador da doença. No Brasil, ele também é conhecido como Corona ou, ainda, pelo apelido de Coronga.
O que você está achando do Brasil? Quando disseram que este era um povo hospitaleiro, eu não imaginava que seria tanto. Na Alemanha, por exemplo, foi bem ruim. Que povo estranho, organizado, disciplinado. Governado por mulher, né?
Pretende ir embora quando? Nem tão cedo. Eu tô me sentindo em casa aqui. O Brasil me adotou. Não volto para Wuhan jamais. É muito bom encontrar o seu lugar no mundo, descobrir onde você pode desenvolver todo o seu potencial.
“Outro dia um fiscalzinho veio falar comigo e me chamou de cidadão. Falei: ‘Cidadão, não. Sars-CoV-2, muito melhor do que você’ ”
O que você tem feito? Eu me divirto tanto no fim de semana por aqui que até me esqueço do trabalho! Repara como sábado e domingo os meus números são menores? Já fiz coisas tipicamente brasileiras, como ir ao Maracanã, ficar num barzinho com os amigos e ofender pessoas menosprezando a classe social delas. Imagina que outro dia um fiscalzinho veio me chamar de cidadão. Falei: “Cidadão, não. Sars-CoV-2, muito melhor do que você”. Maneiro, né? Em nenhum outro lugar do mundo se faz isso. É como diziam naquela campanha: “O melhor do Brasil é o brasileiro”.
O que você tem a declarar a quem diz que você e só uma gripezinha? Minha obra fala por mim. Não preciso ficar mentindo no currículo, não.
Como você entrou no corpo do presidente Jair Bolsonaro? Pulou o muro? Entrou voando? A verdade é que hesitei bastante antes. Também tenho meus limites sobre os lugares onde quero ficar. Mas vocês perceberam que fiquei em volta, né? Um ministro aqui, um colaborador ali… Como o próprio presidente gosta de dizer, tivemos uma longa fase de namoro até oficializar o casamento.
E como é estar no corpo dele? É diferente dos outros. Na cabeça não tem nada, só uma foto do Olavo de Carvalho fazendo arminha com a mão. E no lugar do coração tem uma pedra de nióbio.
“Claro que não sou uma gripezinha. Minha obra fala por mim. Não preciso ficar mentindo no currículo, não”
Que recado você manda para os gafanhotos, os ciclones bomba e outras pragas? Apenas parem. Esperem a vez de vocês. Mas dou uma dica: venham para o Brasil. O governo aqui é muito solidário com a gente.
Você tem medo de que descubram a vacina? Um pouco. Mas por isso mesmo vou continuar no Brasil. Aqui muita gente é contra vacina. Eu me dou bem.
É verdade que a cloroquina é boa pra você? É ótima. Ela não me faz nada.
Publicado em VEJA de 15 de julho de 2020, edição nº 2695