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‘Não vejo censura’, diz dirigente do MBL sobre fim de mostra

Paula Cassol argumenta que encerramento da exposição foi resultado de uma 'revolta popular'. A ativista não visitou a mostra no Santander Cultural

Por Paula Sperb
Atualizado em 11 set 2017, 18h20 - Publicado em 11 set 2017, 17h20

O MBL (Movimento Brasil Livre), um dos grupos que protestaram contra a exposição “Queermuseu“, fechada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, no último domingo, entende que não é responsável por nenhum tipo de censura aos artistas. A exposição tinha como foco a diversidade e temática LGBT e contava com obras de 85 artistas, incluindo os mundialmente conhecidos Alfredo Volpi e Cândido Portinari.

“Não vejo que exista censura de baixo para cima. Na verdade, há uma revolta popular contra o conteúdo que foi colocado na exposição. Em momento algum houve a coação do banco. Retiraram a exposição porque quiseram. Podiam ter tirado obras, poderiam ter censurado, podiam ter feito uma série de coisas e a opção (por fechar) foi do Santander. Querer dizer que isso é censura, ditadura? Censura é o que acontece na Venezuela, em Cuba, na Coreia do Norte, onde você não pode veicular conteúdo nenhum. Aqui é Brasil e as pessoas têm liberdade de expressão, mas isso não quer dizer que você possa produzir conteúdo pornográfico pedófilo e dar acesso a isso para crianças. Se fosse censura, seria censura do governo em não permitir que a exposição fosse realizada”, disse Paula Cassol, coordenadora do MBL no Rio Grande do Sul, a VEJA.

Além disso, a ativista explica que o MBL apoia o boicote ao Santander, que mantém o centro cultural na capital gaúcha. “Apoiamos o boicote, apoiamos que as pessoas se manifestem. Não fechei a minha conta no Santander porque não tenho conta no Santander. Da mesma forma quando a Uber manifestou ser contrária à utilização de armas, tanto por motorista como por passageiros, cancelei minha conta na Uber na hora”, explicou Paula, que é a favor do porte de armas e contra o Estatuto do Desarmamento.

Não visitou a exposição

Questionada por VEJA, Paula afirmou que não visitou a exposição “Queermuseu” e que o MBL “tomou conhecimento do conteúdo” porque muitas pessoas estavam se manifestando contrariamente às obras, incluindo ativistas dos direitos dos animais. “Apoiamos a iniciativa e ajudamos”, explicou Paula sobre os protestos.

“Não vejo nada de educativo em uma criança ver um adulto ou dois adultos transando com um cabrito”, disse a coordenadora do movimento. Além do conteúdo considerado como apologia à pedofilia e zoofilia, o MBL condena o uso de recurso público na exposição. “A gente acredita que (a cultura) tem que ser fomentada pelo mercado, que os (entes) particulares fomentem. O Estado não tem dinheiro para sustentar tudo. Tem Estado do nordeste em que as pessoas não tem esgoto encanado”, critica Paula.

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Prefeito fala sobre fechamento

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) comentou sobre o fechamento da exposição. Na sua página do Facebook, Marchezan disse no domingo que a mostra tinha “imagens de zoofilia e pedofilia”. Horas mais tarde, Marchezan apagou sua postagem. O prefeito, que é apoiado pelo MBL, obteve liminar na Justiça para que os protestos contra sua administração fossem proibidos.

Polêmicas

Esta não é a primeira vez que o MBL protagoniza uma polêmica no Rio Grande do Sul. Recentemente, a Justiça determinou que o blogueiro Arthur Moledo do Val, do canal Mamãefalei, retire do ar um vídeo em que aborda Luciana Genro (Psol) e sua família, em Porto Alegre. Caso descumpra a decisão, Do Val deverá pagar uma multa de 5 mil reais por dia.

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