Cidade gaúcha apoia caminhoneiros e comércio fecha as portas
Prefeitura de Terra de Areia convocou apoio à greve e suspendeu o expediente durante a manhã
Com economia baseada na agricultura, especialmente na produção de abacaxi e banana, a cidade de Terra de Areia, a 122 km de Porto Alegre, com 11.000 habitantes, parou na manhã desta quinta-feira (24). Os moradores decidiram apoiar a paralisação dos caminhoneiros contra o aumento do preço dos combustíveis.
A maior parte do comércio fechou as portas e a prefeitura não teve expediente – apenas atendimento de saúde e educação foram mantidos. Em frente a um posto de gasolina com caminhões parados, moradores da cidade cantaram o hino nacional e seguravam cartazes com dizeres como “estamos unidos pela mesma luta”. No extremo sul do estado, em Santa Vitória do Palmar, o prefeito chegou a declarar o combustível como utilidade pública para desapropriação.
“Não aguentamos mais a carga de impostos. Tudo depende do combustível, por isso apoiamos a luta dos caminhoneiros”, disse a VEJA o prefeito Aluisio Teixeira (MDB). Segundo ele, a prefeitura transporta 1.200 estudantes do total de 2.000 matriculados nas escolas. Muitos deles moram na área rural e dependem dos ônibus custeados pela prefeitura. O combustível que a administração tem deve durar apenas até sábado. Além disso, como a atividade econômica principal é a agricultura, os produtores precisam de diesel para os tratores e escoamento da produção.
Quem circulou pela área central de Terra de Areia viu a maioria das lojas fechadas. “Não foram só os comerciantes, os moradores também protestaram. Até o padre convidou para a mobilização ontem na missa, o prefeito divulgou nas redes sociais. A greve não interessa só a caminhoneiro, todos pagamos a conta do aumento”, disse Amilco Knevitz, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade.
“O protesto dos caminhoneiros é válido porque o aumento do preço dos combustíveis atinge todas as pessoas, não só os motoristas. Toda a população tem que apoiar. Se outros locais apoiarem como fizeram os moradores de Terra de Areia, algo pode mudar”, disse à reportagem o presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Diogo Franco de Souza (MDB).
Enquanto estabelecimentos comerciais e públicos fecharam as portas, centenas de caminhoneiros que ajudam a escoar a produção de frutas da localidade ficaram estacionados em um posto de gasolina. Segundo o gerente comercial do posto Jam, Rafael Fonseca, não há mais gasolina para venda. Há, porém, diesel, já que os caminhoneiros não estão abastecendo.