Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Respeito à institucionalidade

O bolsonarismo é alimentado a cada vez que se avança o sinal

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 09h53 - Publicado em 22 set 2023, 06h00

Esperava-se que a derrota de Jair Bolsonaro trouxesse tranquilidade e respeito à institucionalidade. Não é isso que se tem visto.

Em ato digno de Bolsonaro, Lula nomeou para o STF o seu próprio advogado. E deixou claro que o único critério para a segunda vaga é que seja alguém de sua absoluta confiança. Os favoritos são Flávio Dino, ministro da Justiça, e Jorge Messias, da AGU.

Messias anunciou uma força-tarefa para investigar Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato. E conseguiu com o STJ a retomada de um acórdão do TCU que cobra 2,8 milhões de reais gastos em diárias e passagens por Deltan Dallagnol e outros (mas, se os procuradores não viajaram a trabalho, como foi que montaram a Lava-Jato?).

Dino anunciou um grupo de trabalho para analisar as cooperações internacionais da Lava-Jato. Anunciou também que a Polícia Federal vai apurar possíveis crimes dos responsáveis pela operação. Ministro é cargo de governo, polícia é órgão de Estado: a subordinação de uma ao outro é administrativa, não operacional. Quando um ministro assume a PF, falta-lhe tempo para cuidar das atribuições que de fato são suas, como uma estratégia de segurança para o país. E a sociedade fica insegura: a PF age por motivos técnicos ou por interesses pessoais do governante da hora?

“As autoridades parecem mais interessadas em punir os que puniram o crime do que no crime em si”

Continua após a publicidade

A Lava-Jato apanha de todo lado. O TSE fez uma reinterpretação criativa da Lei da Ficha Limpa para condenar Dallagnol por ter se exonerado do MP. A Câmara dos Deputados, em geral leniente até com criminosos, cassou Deltan em tempo recorde. Dias Toffoli, do Supremo, anulou a delação premiada da Odebrecht e o processo contra Eduardo Appio, juiz da Lava-Jato que trabalhava contra Sergio Moro e foi afastado por suspeita de ter ameaçado um desembargador.

Que Moro & Dallagnol avançaram o sinal, não se discute. Mas isso não muda o fato de que o petrolão aconteceu — e bilhões foram desviados. Nossas autoridades parecem mais interessadas em punir os que puniram o crime do que no crime em si. E avançam, elas mesmas, o sinal.

Também acusada de avançar o sinal é a investigação dos crimes do bolsonarismo. É indiscutível que os crimes ocorreram, mas, assim como o petrolão não justifica os métodos da Lava-Jato, a defesa da democracia não pode justificar eventuais violações dos direitos democráticos.

Continua após a publicidade

A eleição de Bolsonaro foi uma resposta (equivocada) ao PT, ao desinteresse dos políticos pelos cidadãos e à conduta voluntariosa e até irres­pon­sá­vel de certos ministros do STF. Todos esses elementos continuam presentes hoje. E, no caminho em que estão, as autoridades acabarão por acrescentar mais três: 1) a devolução do dinheiro roubado aos ladrões, 2) a percepção de que o combate à corrupção foi um acidente de percurso que nunca mais será permitido, e 3) a impressão de que Jair Bolsonaro, o golpista-mor, é, como ele próprio diz, uma vítima.

O bolsonarismo está longe de estar morto — e é alimentado a cada vez que um político ou juiz avança o sinal. Roga-se a nossas autoridades que respeitem a institucionalidade. Se não por espírito público, ao menos por interesse político.

Publicado em VEJA de 22 de setembro de 2023, edição nº 2860

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.