Por que Adriano Pires aceitou ser presidente da Petrobras?
O novo presidente da empresa costuma ter posições ponderadas sobre petróleo: é certo que sua opinião sobre Bolsonaro é fortemente crítica.
A única coisa mais esquisita do que Bolsonaro ter convidado Adriano Pires para presidir a Petrobras é Adriano ter aceitado o convite: enquanto Bolsonaro é um símbolo do atraso, Adriano tem em geral posições razoáveis no que se refere a petróleo — é impossível que sua visão da atuação do presidente não seja fortemente crítica.
Bolsonaro entrou em conflito e demitiu tanto Roberto Castello Branco como o general Joaquim e Silva e Luna pelo mesmo motivo: ambos se recusaram a se submeter à vontade do presidente e impediram ingerência indevida na Petrobras. Se houver tempo suficiente, é impossível que não aconteça a mesma coisa com Adriano Pires.
Uma explicação possível para a curiosa decisão de Adriano é que ele esteja apostando que não haverá tempo suficiente. Bolsonaro já teve desgaste demais com esse assunto e parece ter finalmente entendido que o congelamento do preço do combustível pode provocar desabastecimento. Além disso, tem pela frente seis meses de campanha eleitoral. É provável que não atazane Adriano até o fim do ano.
E, se der tudo certo para Adriano, Bolsonaro não estará no Planalto a partir de 2023.