Por que a PEC Kamikaze é a obra prima do bolsonarismo
... e por que será uma tolice assombrosa se os senadores a aprovarem

A PEC Kamikaze é uma espécie de obra prima insuperável do bolsonarismo.
A pretexto de fazer o bem social, a PEC de uma penada rasga a legislação eleitoral, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição, aprova um pacote de bondades eleitoreiro e um “estado de emergência” que dá poderes extraordinários, por tempo indeterminado, ao presidente Bolsonaro — poderes esses que serão usados, claro, para tentar invalidar as eleições. De quebra, gera também muito tumulto, que é a especialidade do atual presidente.
É assombroso que os parlamentares possam ser tolos a ponto de aprovar um projeto que, afora toda a maluquice, ajuda o presidente a destruir a democracia e, com ela, o próprio Parlamento. Mas tolice assombrosa não é algo estranho ao Congresso atual.
Por óbvio, a excrescência teratológica é inconstitucional: se for aprovada, será derrubada no Supremo com certeza. Mas o objetivo do tumulto já foi alcançado.
Em tempo. O caixa da campanha de Bolsonaro, o bolsonarista antiliberal (perdão pelo pleonasmo) Paulo Guedes está, evidentemente, de acordo. O principal papel de Guedes não é evitar nada, mas apenas convencer certas mentes crédulas de que se ele não estivesse lá seria ainda pior — por mais que seja impossível imaginar como poderia ser pior, já que, até agora, o ministro disse amém para rigorosamente todas as vontades do chefe.