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Ricardo Rangel

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O nazismo não surge da noite para o dia

É assustador que tantos brasileiros se sintam à vontade para relativizar uma ideologia que exterminou milhões de pessoas

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 fev 2022, 22h48 - Publicado em 10 fev 2022, 21h06

O podcaster Monark defendeu não apenas a legalização do partido nazista, como a ideia de que as pessoas têm “o direito de ser antijudeu”.

O deputado federal Kim Kataguiri, do MBL, presente na ocasião, declarou que a Alemanha “errou ao criminalizar o nazismo” e se queixou de o comunismo não receber o mesmo tratamento. (É um falso paralelo, por sinal: a meta do comunismo não é a supremacia racial, mas uma sociedade sem classes, o que, pelo menos em tese, pode ser alcançado democraticamente.)

Na noite do mesmo dia, o ex-BBB Adrilles Jorge, comentarista da Jovem Pan, após fazer o mesmo paralelo equivocado de Kataguiri, despediu-se com uma saudação nazista.

A inaceitável atitude de Monark, Jorge e Kataguiri não foi aceita, e a reação da sociedade foi tamanha que, em menos de 24 horas, os dois primeiros estavam no olho da rua e o deputado tinha sido denunciado à comissão de ética da Câmara (vai ficar por isso mesmo, mas valeu o susto).

É reconfortante que a sociedade tenha reagido e exigido a punição sumária e imediata de quem relativiza, justifica ou passa pano para algo tão odioso quanto o nazismo.

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Mas é altamente preocupante que o Brasil tenha chegado ao ponto em que alguém se sinta à vontade em fazer o que os três fizeram — e é bom notar que as vozes que se levantaram em apoio a eles não foram poucas.

Alguns dias antes do escândalo, Renan Santos e outro colega do MBL fizeram graça com a proposta de “caçar democratas” e se divertiram com a ideia de que o jornalista Pedro Doria, a pesquisadora Michelle Prado e o ex-senador Cristovam Buarque fossem assassinados.

Desde que Bolsonaro foi eleito, um secretário de Cultura copiou um discurso de Goebbels e um assessor do presidente fez um gesto supremacista branco em pleno Senado (antes disso, o presidente comentou que “é um gesto bacana, mas pega mal”). Janaína Paschoal propôs a criação de “regras” para priorizar atendimento aos mais jovens. Uma fábrica de cerveja fez um comercial falando em “Lei da Pureza Alemã”. Apareceu uma bandeira do Integralismo, o movimento fascista brasileiro dos anos 30, em uma manifestação bolsonarista. E muito mais.

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O nazismo não surge da noite para o dia. O nazismo começa quando as pessoas se sentem à vontade para defender o partido nazista, achar que é OK ser antijudeu, fazer gestos nazistas, propor medidas nazistas, aludir a leis nazistas, exibir símbolos fascistas.

A democracia não morre de repente. Ela começa a morrer quando as pessoas se sentem à vontade para fazer piada com a ideia de caçar e matar democratas.

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