Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

O mau caminho de Bolsonaro

O presidente parece crer que os problemas se resolverão sozinhos

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h31 - Publicado em 6 nov 2020, 06h00

Recentemente, em meio ao maior incêndio já registrado no Pantanal, o Ministério do Meio Ambiente determinou o recolhimento, por “falta de recursos”, de todas as brigadas de incêndio florestal. Em agosto, quando o desmatamento alcançava um recorde, o MMA anunciou a interrupção, pelo mesmo motivo, das operações de combate ao desmatamento. (Em ambos os casos, o governo liberou mais recursos e as medidas foram revertidas.)

Não surpreende ninguém que o meio ambiente seja o primeiro afetado em caso de eventual falta de recursos. Afinal, tudo o que o ministro Ricardo Salles quer é um bom pretexto para cumprir a agenda bolsonarista de descumprir a obrigação constitucional de preservar o meio ambiente. E não existe pretexto melhor do que falta de dinheiro: é só ficar calado, deixar a bomba explodir e jogá-la no colo dos outros para se livrar das cobranças da imprensa. Funciona que é uma maravilha.

Naturalmente, aqueles em cujo colo a bomba, e a culpa, explodem, não acham tão maravilhoso, e é por essas e outras que Salles é odiado pelos militares e pela equipe econômica. O ódio gera muita briga, pública e privada, e ocasionalmente descamba para bate-bocas ginasianos, com expressões como “banana de pijama” e “maria fofoca”.

“Enquanto Bolsonaro deixa estar para ver como fica, vai ficando um pouco pior”

A falta de recursos pode ser bem-vin­da para Salles (e Bolsonaro), mas não é deliberada: é um acidente causado pelo cobertor curto do teto de gastos, criado justamente para obrigar o governo a cortar despesas. O problema é que, até agora, o governo não cortou nada: cortar despesa sempre desagrada a alguém, e Bolsonaro, que só pensa em se reeleger, não quer desagradar a ninguém (exceto à esquerda, cujo ponto de vista não faz diferença para sua reeleição).

Continua após a publicidade

Se tivesse um pouco de perspectiva, o presidente tentaria desarmar a bomba fiscal encomendada para explodir no ano que vem. O caminho certo, pela despesa, é aprovar a PEC Emergencial, fazer uma reforma administrativa digna do nome, extinguir supersalários etc. etc. O caminho errado, pela receita, exige não apenas aumentar imposto, mas flexibilizar o teto de gastos.

Bolsonaro parece incapaz de escolher um caminho, certo ou errado, seus ministros brigam entre si, sua base não se entende consigo mesma (o que deve empurrar a aprovação do Orçamento para o ano que vem), e o Congresso está se preparando para aprovar uma reforma tributária sem sequer ouvir o governo. Enquanto Bolsonaro deixa como está para ver como é que fica, vai ficando pior — inflação, dólar e juros subindo, dívida mais cara e mais curta etc. —, o que deixa o Brasil e o governo (e a reeleição) em perigo.

Distraído, Bolsonaro parece seguir pelo caminho de que as coisas se resolverão sozinhas. É um caminho incerto que tende a dar errado. O que vimos no MMA podem acabar sendo cenas dos próximos capítulos, com a escassez de recursos se alastrando pelos ministérios, atividades básicas sendo interrompidas e as brigas, que já são um espanto, se avolumando e se tornando ainda mais tóxicas. O roteiro dessa novela é conhecido e não é bom.

Publicado em VEJA de 11 de novembro de 2020, edição nº 2712

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.