Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

O golpe acabou. Tudo vai bem?

Não. Muita coisa precisa ser melhorada — e rapidamente

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2024, 17h23 - Publicado em 8 mar 2024, 06h00

Em 2022, quando já se sabia sobre Bolsonaro quase tudo de ruim que há para saber, o então presidente teve 51 milhões de votos e quase se reelegeu. No último dia 25 (depois do 8 de Janeiro!), Bolsonaro conseguiu reunir uma multidão na Avenida Paulista. Não adianta descartar os bolsonaristas como “fascistas” ou pontos fora da curva — eles são metade da curva. Há algo de muito errado em uma democracia quando metade da população quer botar no poder alguém que quer destruí-la.

“Democracia ou serve para todos ou não serve para nada”, ensinou Herbert de Souza. Nossa democracia não serve a todos. Era assim em junho de 2013, quando multidões insatisfeitas encheram as ruas, é assim hoje. As Forças Armadas são uma ameaça à democracia desde sempre, as redes sociais são uma ameaça nova — é urgente reformar as primeiras e regular as últimas. Mas isso está longe de ser o bastante.

No Congresso Nacional, os salários são altos; as verbas, enormes; os privilégios, muitos. Mas nossos parlamentares não debatem as grandes questões do momento e pouco fazem para tornar o país melhor ou mais justo; muitos deles apenas cuidam de se reeleger. Passado o susto da Lava-­Jato, a corrupção avança.

O Judiciário custa uma fortuna, tem alta taxa de corrupção e entrega uma Justiça que tarda e falha. O Supremo salvou a democracia, é verdade, mas, no resto, continua como antes: ativismo excessivo, decisões monocráticas autoritárias ou estapafúrdias que jamais chegam ao plenário. Quanto aos ministros, alguns dão entrevistas sem parar, tomam posições políticas, antecipam juízos; outros são empresários; vários têm parentes representando junto à Corte; muitos dão palestras que ninguém vê, recebendo ninguém sabe quanto. Na investigação dos golpistas, os métodos do Supremo e da Polícia Federal lembram os da Lava-Jato.

“Metade do eleitorado não vê grande atrativo na democracia, e tem lá seus motivos”

Continua após a publicidade

Passada a devastação dos anos Bolsonaro, o Executivo melhorou muito, claro, mas está longe de ser bom. A educação, chave do desenvolvimento e da distribuição de renda, é abaixo da crítica. O SUS não se sustenta. A segurança é o que é. Lula não se interessa por nada disso, e seu plano de governo parece ser permanecer no palanque, dar declarações absurdas, comprar briga com todo mundo.

O Estado brasileiro cobra impostos de primeiro mundo, entrega serviços de terceiro, atrapalha quem quer empreender (algo obrigatório no século XXI) e é uma máquina de transferência de renda de pobre para rico — até o governo atual, que se diz de esquerda, cria subsídios para ricos e para a classe média.

E, além da insatisfação “do bem” com a democracia, há a insatisfação “do mal”. As minorias ganharam espaço na sociedade e eliminaram-se muitos privilégios, mas quem os perdeu — em todas as classes — está ressentido contra a democracia. Não é problema simples de resolver.

Continua após a publicidade

A próxima eleição é daqui a dois anos. Metade do eleitorado não vê grande atrativo na democracia, e tem lá seus motivos. É preciso melhorar nossa democracia rápido.

Publicado em VEJA de 8 de março de 2024, edição nº 2883

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.