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O erro de Tarcísio vai lhe custar caro

Bolsonaro tornou-se uma carga (ainda) mais pesada para quem diz ser a "direita civilizada"

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 nov 2024, 16h38 - Publicado em 25 nov 2024, 16h37

Até há alguns anos, não existia direita no Brasil. Existia esquerda, centro-esquerda e centro. E só.

A ditadura militar contaminou a palavra “direita”, o que fez com que políticos notoriamente de direita, como Maluf, Antônio Carlos Magalhães ou Ronaldo Caiado se declarassem de centro. O grupo mais famoso de políticos de direita até hoje é conhecido como… Centrão.

Bolsonaro ganhou reconhecimento e chegou ao poder assumindo-se como de direita. Uma direita extrema, agressiva, que professava saudade da ditadura e homenageava torturador. Políticos de direita que antes tinham vergonha de se declarar como tal, aderiram a ele sem escrúpulos.

Pode-se dizer — talvez com algum cinismo — que antes e acima da ideologia vem o voto: político sem voto não existe por definição. E que por isso políticos convencionais de direita, como Ronaldo Caiado, Ratinho Jr., Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas, que sempre jogaram dentro das regras democráticas, se viram “obrigados” a aderir a Bolsonaro. Mas que, no fundo, não são contra a democracia.

Vá lá.

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Mas ser considerado extremista é uma coisa, patrocinar plano concreto para assassinar os adversários é outra, bem diferente.

Ficar perto de Bolsonaro tornou-se, de repente, muito, muito mais caro. Para a direita que se quer fazer crer civilizada, esta é a hora de desembarcar da canoa de Bolsonaro. Que está furada e fazendo água cada vez mais rápido.

Ronaldo Caiado, que já estava rompido com Bolsonaro, está na posição mais confortável, disse apenas que “aguarda o final do julgamento”. Ratinho Jr., Ricardo Nunes e o novato Romeu Zema estão em silêncio — que é o melhor que têm a fazer.

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Só Tarcísio de Freitas se pronunciou — e o fez para defender Bolsonaro enfaticamente:

“Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos.”

Ora, Tarcísio não nasceu ontem. Ele sabe que não é pura narrativa, que não faltam provas, que não há irresponsabilidade, que Bolsonaro tentou fraudar a eleição e só não deu um golpe porque lhe faltou o apoio das Forças Armadas. É essa é a tal verdade dos fatos.

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A equivocada (e lamentável) declaração de Tarcísio vai voltar para assombrá-lo. E vai custar caro.

(Por Ricardo Rangel em 25/11/2024)

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