O cenário-pesadelo
A dúvida não é se os militares querem o golpe, mas o que farão no caso de Bolsonaro descumprir uma ordem do Supremo

Ninguém acredita realmente que as Forças Armadas estejam interessadas em dar um golpe de Estado.
O que preocupa é um eventual motim das polícias militares. O cenário-pesadelo é o seguinte:
As PMs, ou algumas delas, insufladas pela máquina de fake-news de Bolsonaro, se amotinam, e instala-se a baderna — tivemos amostras recentes no Espírito Santo e no Ceará. Os governadores então pedem ao governo federal que determine às Forças Armadas que efetuem uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para restaurar a normalidade.
Mas Bolsonaro se recusa a dar a ordem. Os governadores então recorrem ao Supremo, que determina ao presidente, comandante-em-chefe das Forças Armadas, que ordene a GLO. Mas Bolsonaro se recusa a dar a ordem, cometendo crime de descumprimento de ordem judicial. Estabelece-se o impasse institucional.
Na melhor das hipóteses, Bolsonaro acaba recuando, ordena a GLO, e a desordem acaba, deixando atrás de si um rastro de mortes, destruição de patrimônio e terrível desgaste institucional (dado o estrago, a permanência de Bolsonaro no cargo se torna virtualmente impossível).
Se, no entanto, Bolsonaro não recuar, o Supremo deve mandar prendê-lo.
E é aí que nós vamos ver se o compromisso das Forças Armadas é tão firme quanto afirmam os generais.