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Ricardo Rangel

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Mas não pode chamar de genocida

Falta adjetivo para definir o comportamento maníaco de Jair Bolsonaro

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 mar 2021, 19h17 - Publicado em 19 mar 2021, 18h35

Tem uma porção de gente sendo processada, presa ou intimidada por chamar Jair Bolsonaro ou sua política de saúde de “genocida”.

A Polícia Militar do Distrito Federal prendeu cinco rapazes. A Polícia Civil intimou Felipe Neto. Até o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, já foi processado. E tem mais um monte de gente de que a gente nem sabe.

No Brasil de Bolsonaro, é proibido chamar Bolsonaro de genocida.

Bolsonaro minimizou os riscos da pandemia, levando a população a correr riscos desnecessários, e fez pouco das mortes. Mas não pode chamar Bolsonaro de genocida.

Bolsonaro recusou-se a preparar um plano nacional de combate à pandemia, e demorou um tempo inacreditável para preparar um pacote de auxílio à população carente. Mas não pode chamar de genocida.

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Bolsonaro fez e faz campanha contra o uso de máscaras, estimula aglomerações, recomenda o uso de medicamentos inúteis e perigosos. Mas não pode chamar de genocida.

Bolsonaro vetou lei que garantia fornecimento de água a indígenas. Mas não pode chamar de genocida.

Bolsonaro escorraçou Mandetta porque ele cumpria as recomendações científicas, e escorraçou Teich porque ele se recusou a recomendar medicamentos perigosos. Manteve Pazuello porque ele cumpria sua determinação de não seguir as recomendações científicas. Recusou-se a nomear Ludhmilla porque ela pretendia cumpri-las. Nomeou Queiroga porque ele vai ser outro Pazulello. Mas não pode chamar de genocida.

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Bolsonaro comprou poucos testes e esqueceu sete milhões deles (que caducaram) num galpão. Põe em dúvida, sem fundamento, a quantidade de óbitos por Covid dela decorrentes. Mas não pode chamar de genocida.

Bolsonaro se negou a comprar vacinas em agosto. Fez campanha contra a vacina. Recusou-se a se vacinar. Pressionou a Anvisa para negar registro à Coronavac. Mas não pode chamar de genocida.

Bolsonaro se negou a comprar seringas e agulhas em agosto. Quando Pazuello as contratou, Bolsonaro proibiu a compra. Tentou impedir o Butantan de fornecer vacinas diretamente para os estados. Mas não pode chamar de genocida.

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Bolsonaro deixou faltar oxigênio nos hospitais apesar de saber que a falta era iminente, depois mandou o oxigênio do Amazonas para o Amapá. Mas não pode chamar de genocida.

Bolsonaro simulou falta de ar, debochando dos doentes. Mas não pode chamar de genocida.

Bolsonaro entrou com a ação no Supremo Tribunal Federal para impedir governadores de tomar medidas que salvarão vidas. Mas não pode chamar de genocida.

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O Tribunal Penal Internacional, em Haia, investiga Bolsonaro por genocídio. Mas não pode chamar de genocida.

Não pode chamar Bolsonaro de genocida, porque senão ele processa por crime contra a honra. Bolsonaro, como se sabe, é um homem honrado — são, todos eles, todos homens honrados.

Mas se for para escolher um único adjetivo para definir o comportamento de Bolsonaro, não sobra nada além de…

Genocida.

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