Dia das Mães: Assine por apenas 5,99/mês
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Intervencionista nos costumes, intervencionista na economia

Bolsonaro demonstra seu liberalismo pressionando supermercado para reduzir preço

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 set 2020, 01h15 - Publicado em 10 set 2020, 20h37

A atitude diante do aumento no preço dos alimentos é emblemática da compreensão do fenômeno econômico por parte do governo, e de suas convições liberais.

O problema está ligado à entressafra, à desvalorização do real (que torna o produto mais atraente no mercado internacional), e ao auxílio emergencial. O governo errou na mão, e muitas famílias passaram a ter uma renda maior do que tinham antes da pandemia. Como o Brasil é um país carente, quando o pobre tem mais dinheiro, gasta com comida, de modo que a demanda por alimentos aumentou e o preço subiu.

O recado da economia foi claro: o governo se excedeu, é preciso reduzir o grau de intervenção. Qual foi a reação do governo? Aumentar a intervenção.

Primeiro, Bolsonaro pediu “patriotismo” aos donos de supermercado. Bolsonaro foi deputado federal por 7 mandatos, teve aulas de economia com um dos economistas mais preeminentes do Brasil, é presidente há quase dois anos — mas até hoje não entendeu o que é a lei da oferta e da demanda. Em seguida, passou a pressionar os supermercados para que reduzam os preços na marra.

Nós já vimos esse filme tantas vezes que chega a dar sono. Funciona como um relógio. O preço para de fazer sentido, o varejista reduz as compras, o atacadista privilegia o mercado internacional, o produtor estoca o produto para esperar o preço melhorar. O resultado é desabastecimento.

Continua após a publicidade

Vêm os lances dramáticos, com filas quilométricas para comprar um quilo de arroz. Ou melodramáticos, como produtores afogando pintos para abrir espaço para os pintos que estão nascendo — e demonstrar ao público seu desespero. Ou mesmo farsescos, com o governo mandando fiscais laçarem boi gordo no pasto, e os pecuaristas jurando que não, de jeito nenhum, não estão escondendo bois. O mercado negro floresce, a inflação dispara.

É especialmente irônico que o governo Bolsonaro, que tem o comunismo (onde o fenômeno se repetiu enfadonhamente durante décadas) como espantalho e — ha! — se pretende liberal, cometa um erro tão primário.

Pressionar comerciante é um atentado (tanto no plano econômico quanto no plano político) ao liberalismo, mas não surpreende que Bolsonaro, o presidente mais antiliberal desde Médici o faça. Tampouco surpreende que Paulo Guedes, cujo poder se reduz a cada semana, não consiga contê-lo.

Continua após a publicidade

O que surpreende — um pouco, só — é que ainda haja gente inteligente que defenda o governo argumentando que ele é liberal ou que a presença de Paulo Guedes faça alguma diferença.

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.