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Ricardo Rangel

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Guido Mantega, o assessor econômico que tira voto

O artigo do ex-ministro da Fazenda é um primor de mistificação e desfaçatez

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 jan 2022, 21h36

Em seu artigo a respeito do pensamento econômico de Lula, Guido Mantega diz que vamos comemorar o enterro de um dos piores governos da história republicana brasileira.

Tomara que tenha razão, nenhum governo pode ser pior do que o de Bolsonaro. Mas Dilma foi um dos piores governos da história republicana brasileira — e Guido não comemorou seu enterro.

Guido diz que “se for feita uma autópsia no cadáver do bolsonarismo, serão descobertos fortes indícios de um neoliberalismo anacrônico, que não é mais praticado em nenhum país importante do mundo.”

“Neoliberalismo” é uma espécie de bicho papão para a esquerda, equivale a “comunismo” para os bolsonaristas: não quer dizer nada. Todos os países desenvolvidos do mundo, dos EUA à Escandinávia, sempre foram e continuam sendo liberais. E não há nada de liberal (nem de neoliberal, seja isso o que for) na administração Bolsonaro.

Guido critica o baixo crescimento, algo como 0,5% ao ano, previsto para o período de 2019 e 2022 — esquece que nos três últimos anos de Dilma, o PIB teve uma queda agregada de mais de 8%. Critica também o crescimento negativo no período Temer — esquece que só foi negativo porque o período inclui o último ano de Dilma, interrompido pelo impeachment. Critica o desemprego alto, de 13% — esquece que no governo Dilma passou de 11%. E Dilma não enfrentou pandemia.

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Guido critica a inflação alta, que passou de 10% — mesmo patamar a que chegou no governo Dilma. Critica a “feroz política monetária contracionista”, com juros de 9,25%, que vai “paralisar a economia brasileira” — com Dilma os juros chegaram a 14,25%, e paralisaram a economia brasileira.

Guido faz muitos elogios ao desempenho da economia brasileira entre 2003 e 2014. Mas esquece que o ministro da Fazenda nos três primeiros anos do PT era Palocci, que conduziu uma política idêntica à de Malan; que o mundo vivia uma fase de notável prosperidade; que o desempenho do Brasil foi pior do que o dos Brics e de outros países da América Latina.

Não menciona que as consequências de decisões equivocadas em economia não são imediatas, e faz de conta que os anos de 2014 a 2016, quando elas chegaram — a bomba fiscal explodiu, o desemprego foi à lua, o PIB desabou, a inflação e os juros dispararam…. e Dilma caiu —, não existiram.

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Quanto a propostas concretas para sairmos da crise, Mantega nada apresentou além de platitudes vazias. Mas deu a dica que interessa: “O governo deve coordenar um ambicioso plano de investimentos públicos e privados, de modo a ampliar a infraestrutura e aumentar a produtividade, gerando muitos empregos.”

Guido ainda não sabe no que quer gastar, mas já sabe que a “solução” é aumentar gasto público. Foi essa “solução essa que nos trouxe ao buraco em que estamos. A diferença, claro, é que desta vez não há dinheiro. Nem crédito. Já estamos quebrados. (O que, de certa maneira, é uma vantagem.)

Não que se esperasse coisa diferente, mas o artigo de Guido Mantega é um primor de mistificação e desfaçatez. Se Lula quer ser levado a sério por quem tem um mínimo de compreensão de economia, precisa afastar-se de Mantega. Aliás, não é impossível que seja esse o motivo que levou o ex-presidente a escalá-lo para escrever seu malfadado artigo.

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