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Elon Musk e o futuro das redes

O Twitter vai mudar. Mas não deve ser como imaginam

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h10 - Publicado em 29 abr 2022, 06h00

Elon Musk, o novo proprietário do Twitter, se diz “libertário” — palavra antes de esquerda, que identificava militantes pela liberdade, mas hoje é de direita e se refere a quem tem uma compreensão muito peculiar do conceito — e “absolutista” da liberdade de expressão. A extrema direita está em festa, dando de barato que Musk vai promover um “liberou geral”. A esquerda e muitos liberais estão em pânico, achando que a democracia vai acabar (leia reportagem na pág. 44). Mas será?

Musk é difícil de traduzir. Assume posições polêmicas (e até intoleráveis) e dá declarações politicamente incorretas, mas reage mal a críticas. Fabrica carros elétricos, abandonou Trump quando ele retirou os EUA do Acordo de Paris, mas, com a guerra na Ucrânia, defendeu o aumento da produção de óleo e gás. Diz-se libertário, mas “não tanto” quanto o ex-sócio Peter Thiel, e moderado, “mas não em tudo”. Os jornais estão cheios de artigos contra ele, mas a maioria tem adjetivos demais. É contra restrições à imigração e já fez muitos elogios às drogas. Cabe mal no escaninho da direita.

“Anunciantes não querem ver seus nomes associados a discursos de ódio e já boicotaram o Facebook por isso”

O empresário escreveu que “a liberdade de expressão é a base da democracia e o Twitter é a praça digital em que tudo que importa é debatido” e que a rede “não adere aos princípios da liberdade de expressão, o que prejudica a democracia”. É verdade que a liberdade de expressão é cerceada no Twitter. O problema maior nem é, como afirma a direita, a moderação excessiva ou equivocada, que de fato ocorre eventualmente. É que o Twitter — um virtual monopólio que aceita robôs e contas falsas e usa um algoritmo secreto — promove fake news e agressividade sem limites. É uma “praça” em que se mente muito, se xinga muito, e se debate muito pouco.

Musk diz que vai eliminar os robôs, identificar os humanos e publicar o algoritmo. Se o fizer, vai reduzir vertiginosamente as fake news e o ódio, obrigar criminosos a responder por seus crimes e permitir que autoridades e imprensa fiscalizem a empresa. De quebra, empurrará as demais redes para o mesmo caminho. É o certo a fazer. Mas ele o fará?

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As redes estão sendo investigadas pelo Congresso americano e devem ser reguladas. A Europa aprovou uma Lei de Serviços Digitais, e o comissário para o mercado interno, Thierry Breton, advertiu: “Elon, você é bem-vindo, mas suas regras não valem aqui”. O Brasil prepara uma lei de fake news, e o TSE fechou com o Twitter um acordo para proteger as eleições. Musk vai brigar com o mundo todo para fazer o que a direita quer?

O Twitter é uma rede pequena, não dá lucro e não cresce. É a rede dos jornalistas, mas eles são caçados. O New York Times recomendou que seus funcionários restrinjam o uso. A jornalista Mariliz Pereira Jorge, ao se afastar, traduziu o sentimento da classe: “Ansiedade. Depressão. Medo. Infelicidade. Raiva. Insônia. Bullying. Paranoia. Queda de autoestima”. Os anunciantes não querem ver seus nomes associados a discurso de ódio, e já boicotaram o Facebook por isso. É improvável que um Twitter menos moderado e mais tóxico torne a rede lucrativa.

Musk não é um ideólogo e não ficou bilionário fazendo o que esperam dele. O Twitter vai mudar. Mas não deve ser como imaginam.

Publicado em VEJA de 4 de maio de 2022, edição nº 2787

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