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Ricardo Rangel

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Braga Netto não é o primeiro 4 estrelas preso (mas é como se fosse)

A prisão de generais sem reclamações por parte do Exército é o primeiro passo para o fim do golpismo

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 dez 2024, 09h00

Walter Souza Braga Netto — general-de-exército, ex-ministro da Defesa, ex-chefe do Estado Maior do Exército, ex-comandante do Comando Militar do Leste, ex-chefe da intervenção no Rio de Janeiro — foi preso. Por interferir na investigação da tentativa de golpe que ele mesmo chefiou.

Não é o primeiro quatro estrelas a ser preso. O primeiro — e único, pelo que se sabe — foi o marechal Hermes da Fonseca. Era ainda mais graduado do que Braga: contava com cinco estrelas, já tinha sido ministro da Guerra (o que incluía o comando do Exército) e até presidente da República.

Hermes foi preso duas vezes: a primeira, em 2 de julho de 1922, por incitar desobediência no Exército, durou menos de 24 horas. A segunda, três dias depois, por chefiar a tentativa de golpe militar que desaguou no episódio conhecido como “os 18 do Forte”, durou seis meses.

O golpismo era uma tradição na família de Hermes: seu tio, o marechal Deodoro da Fonseca, derrubou a monarquia; seu filho, o capitão Euclides Hermes, comandou a revolta no Forte de Copacabana; seu primo, general Clodoaldo da Fonseca, apoiou a insurreição de 1922.

Nos 102 anos que se passaram desde a prisão do marechal, incontáveis generais se envolveram em diversos esforços golpistas, mas nenhum nunca havia sido preso. O primeiro, no mês passado, foi o general de brigada (duas estrelas) Mario Fernandes, criador do plano para sequestrar e/ou matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Na última sexta-feira, foi a vez do tetraestrelado Braga Netto.

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Braga não será o último. Devem segui-lo os generais Paulo Sérgio de Oliveira (ex-comandante do Exército), Augusto Heleno e Estevam Theophilo. Além do almirante-de-esquadra Almir Garnier (ex-comandante da Marinha). Todos têm quatro estrelas. Espera-se que fiquem presos muito mais tempo do que os seis meses do marechal.

Haverá na cadeia generais suficientes para formar uma constelação de (pelo menos) 22 estrelas. Sem a contar a penca de oficiais menos graduados, incluindo um certo capitão.

Que a centenária tradição de impunidade para militar golpista seja quebrada é uma lufada de ar fresco. Que isso ocorra sem que se ouçam resmungos ou ameaças vindas de militares é uma notícia excepcional.

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É o primeiro passo para o fim do golpismo na caserna.

(Por Ricardo Rangel em 15/12/2024)

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