Ricardo Rangel

Política

Bolsonaro usou a farda de Caxias como pano de chão

O Exército capitulou: Pazuello ficará impune e está dada a senha para a anarquia militar

Por Ricardo Rangel SEGUIR SEGUINDO 3 jun 2021, 16h57

O chefe do Exército, Paulo Sergio Nogueira, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o presidente Jair Bolsonaro — General Paulo Sergio, o comandante do Exército que capitulou; general Braga Netto, que negociou a capitulação; Bolsonaro, o ex-capitão que quebrou a hierarquia militar (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)

O Exército botou o rabo entre as pernas: Eduardo Pazuello, o general de três estrelas da ativa que mentiu, se insubordinou, subiu no palanque de um comício e enxovalhou a honra de todos os militares brasileiros, não será punido.

Dizia-se que o Alto Comando estava unido e não aceitaria que Pazuello ficasse impune. Dizia-se que o general Paulo Sérgio renunciaria antes de aceitar a impunidade do general fanfarrão. Qual. Os leões miaram, ronronaram e, como gatinhos, se ajoelharam diante do domador.

O Duque de Caxias, patrono do Exército, está se retorcendo na sepultura.

Foi dada a senha para a anarquia militar. Os generais jogaram fora a chance de traçar a linha do que é aceitável, e, a partir de agora, Bolsonaro afrontará mais e mais as Forças Armadas até transformá-las em sua guarda pretoriana. Vai ser cada vez mais difícil resistir.

Nós já vimos esse filme: foi na Venezuela e o Bolsonaro de lá se chamava Hugo Chávez. O filme acaba mal.

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Jair Bolsonaro já deu inúmeras demonstrações de que seu objetivo é quebrar a hierarquia militar e usar as Forças Armadas e as PMs como apoio para uma aventura autoritária.

É altamente improvável, por muitos motivos, que Bolsonaro consiga ser bem sucedido em um golpe de Estado.

Mas está claro que nenhum desses motivos é o compromisso do Exército com a normalidade democrática.