Bolsonaro: crime para não admitir que cometeu crime?
Atividades criminosas se tornaram banais no Brasil de Jair Bolsonaro

Bolsonaro recusou-se a prestar depoimento à Polícia Federal a respeito da suspeita de vazamento de dados sigilosos, conforme determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O vazamento dos dados — que todo mundo viu, já que ocorreu em uma live pública — é crime tipificado no Código Penal. Dá cadeia.
Como, em tese, o presidente da República não pode ter acesso a dados sigilosos de investigações policiais, resta claro que alguém vazou os dados para o presidente. Quem vazou também cometeu crime.
Ao recusar-se a prestar depoimento, Bolsonaro cometeu novo crime, pois descumprimento de ordem judicial também consta do Código Penal. Se Bolsonaro fosse um brasileiro comum, poderia ter sido preso em flagrante.
Em um país razoável, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, e seu superior hierárquico, o ministro da Justiça, Anderson Torres, teriam caído e estariam sendo investigados. E o processo de impeachment contra Bolsonaro estaria andando rápido na Câmara dos Deputados.
Como o Brasil é tudo menos um país razoável, nada aconteceu nem vai acontecer.
Nada?
Bem, uma coisa aconteceu. De acordo com o jornalista Guilherme Amado, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, defendeu que Bolsonaro deveria ter “explodido com o STF”. O que, se fosse levado a sério, poderia até ser interpretado como incitação a crime (abolição violenta do Estado Democrático de Direito).
Mas, como há tempos ninguém, nem mesmo Jair Bolsonaro, leva Augusto Heleno a sério, pode-se dizer que não aconteceu nada, mesmo.