Bolsonaro e sua solução simples e errada
O presidente quer interferir na política de preços da Petrobras por motivos eleitoreiros

“Tem uma legislação errada feita lá atrás, que você tem a paridade com o preço internacional. (…) Isso não pode continuar acontecendo.”, disse Jair Bolsonaro.
Com a guerra da Ucrânia, o preço do petróleo, que já estava preocupantemente alto antes, está subindo ainda mais.
Bolsonaro precisa de uma solução simples e rápida para segurar o preço do combustível, segurar a inflação, e segurar suas intenções de voto (que, na verdade, são a única coisa que lhe interessa).
Para todo problema complexo, como se sabe, existe uma solução simples e errada. E essa solução — que, aliás, é a mesma de Lula — está errada.
A Petrobras produz uma commodity internacional e é óbvio que tem vender no preço do mercado internacional. Mexer na política de preços da Petrobras é uma medida populista, que vai desmoralizar a empresa, aumentar a incerteza, criar instabilidade, piorar a credibilidade do governo, estimular a subida do dólar. Vai trazer mais problema depois do que vai resolver agora.
Não existe solução simples para crise de petróleo.
O governo tem que se reunir e tomar decisões difíceis. Pode dar subsídio para quem precisa, por exemplo, como no caso do gás para famílias pobres. Pode dar um crédito para caminhoneiros no caso de transporte de alimentos e outros casos muito especiais. Mas não tem cabimento dar subsídio para rico botar gasolina em carro importado, muito menos interferindo na política de preços da Petrobras.
E quem tem que escrever o cheque não é a Petrobras.
É o governo. E dizendo de onde vai tirar.