As Forças Armadas entre a honra e o vexame
Há uma maneira melhor de proteger a honra das Forças Armadas do que intimidar o Senado Federal

Os comandantes das Forças Armadas estão preocupados que crimes pontuais de militares específicos venham a comprometer a honra e a imagem da instituição.
A preocupação faz sentido: há, no Ministério da Saúde e em torno dele, perto de uma dúzia de militares envolvidos com atividades suspeitas de corrupção. São eles o cabo da PM Luiz Dominguetti (ativa); o sargento Roberto Dias; os coronéis Élcio Franco, Marcelo Pires, Alexandre Martinelli, Roberto Criscuoli, Gláucio Guerra e George Duvério; os tenentes-coronéis Alex Marinho (ativa) e Marcelo Blanco; e o general Eduardo Pazuello (ativa).
É legítimo que os comandantes queiram evitar que as Forças Armadas, enquanto instituição, fiquem comprometidas. Há um caminho simples: basta abrir um inquérito na Justiça Militar, investigar os suspeitos e punir os culpados.
E existem dois casos em que a corte marcial pode ser instaurada imediatamente: Pazuello e Élcio Franco cometeram, comprovadamente, crimes de falsidade ideológica (mentiram ao público em coletivas), falso testemunho (mentiram sob juramento na CPI), negligência criminosa e prevaricação (pela displicência na aquisição de vacinas).
Outro caminho é tentar intimidar os senadores para melar a CPI, livrando a cara dos criminosos, como os comandantes fizeram na semana passada. Nesse caso, entretanto, ninguém poderá reclamar dos senadores: serão os próprios comandantes das FFAA — general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, almirante de esquadra Almir Garnier Santos e tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Junior — a jogar a honra e a imagem da instituição na lama.
E é isso que os livros de história registrarão.