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Ricardo Rangel

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A semelhança e a diferença entre militares americanos e brasileiros

Formalmente, as Forças Armadas do Brasil e dos EUA são muito parecidas. Na prática, no entanto...

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2022, 14h12 - Publicado em 9 Maio 2022, 12h30

Mark Esper foi secretário da Defesa dos EUA até novembro de 2020. Apesar de ter passado maior parte de sua vida profissional em cargos civis, é militar de formação, com a patente de tenente-coronel e várias condecorações, incluindo a Estrela de Bronze. Esta semana publicou um livro em que conta algumas das coisas que Donald Trump quis fazer e que ele impediu.

“Em vários momentos, principalmente durante o último ano de governo, gente da Casa Branca propôs ações militares contra a Venezuela. E o bombardeio do Irã. Em dado momento, alguém propôs bloquearmos Cuba [ao contrário do que a esquerda brasileira afirma, os EUA mantêm um embargo comercial, mas não há bloqueio]”. Em pelo menos dois casos, Trump quis disparar mísseis contra cartéis da droga no México; Esper teve que explicar que isso feriria a lei internacional.

Para lidar com o que chama de “ideias malucas”, Esper e seu subordinado general Mark Milley, Chefe do Estado-Maior Conjuntos das Forças Armadas dos EUA, inventaram um sistema que chamaram de “os quatro nãos”: não para retiradas estratégicas, não para guerras desnecessárias, não para a politização das Forças Armadas e não para mau uso dos militares. “Isso se tornou nossa régua”.

Em junho de 2020, Trump atraiu Esper e Milley para um evento político em Washington. De acordo com o livro “Perigo”, de Bob Woodward, Esper ficou “nauseado” ao entender o que estava ocorrendo. “Fomos enganados”, comentou com Milley, que respondeu “pra mim chega dessa merda”, e foi-se embora.

Duramente criticado por diversos generais da reserva, Milley, envergonhado, pediu desculpas, reconheceu que não deveria estar em uma cerimônia política, e explicou que não havia entendido a natureza do evento quando foi convocado. No dia seguinte, mandou um ofício a seus comandados relembrando que o compromisso dos militares é com a nação e com a Constituição. Nunca mais compareceu a evento parecido.

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Cogitando se demitir, Milley consultou o general Colin Powell, ex-secretário de Estado e ex-Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Powell, que já se posicionou publicamente contra Trump várias vezes, disse a Milley que Trump era um lunático, mas recomendou ao general que aguentasse firme. 

Após a derrota de Trump, a principal preocupação de Milley era impedir um golpe de Estado por parte do presidente. “Este é um momento ‘Reichstag’”, disse, referindo-se ao incêndio do Parlamento alemão em 1933, que Hitler usou como pretexto para culpar — mentirosamente — comunistas e conseguir os poderes extraordinários que o transformariam em ditador.

Miller discutiu e planejou com seus subcomandantes como impediriam um eventual golpe, e chegou a comentar: “Eles podem tentar, mas não vão conseguir merda nenhuma. Você não faz isso sem os militares. Você não faz isso sem a CIA e o FBI. Quem tem as armas somos nós.”

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Jim Mattis, ex-secretário da Defesa e ex-comandante do Comando Central dos EUA, discordou publicamente de seu chefe Donald Trump algumas vezes, como nos casos de cortes de orçamento e na saída do acordo nuclear com o Irã. Quando Trump decidiu retirar as tropas da Síria, Jim se demitiu em protesto. E o próprio Trump afirmou que queria mandar matar o presidente sírio Bashar al-Assad, mas que Mattis se recusou.

A semelhança entre militares americanos e brasileiros é que ambos dizem amar a Pátria, a democracia e a Constituição.

A diferença é que no caso dos americanos dá para confiar sem medo.

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