Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

ReVEJA

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história
Continua após publicidade

‘Ele me bateu’: o corajoso fim do silêncio sobre a violência doméstica

Em 2006, VEJA trouxe relatos de vítimas que decidiram falar. Na década anterior, reportagem destacava que 'o lugar mais perigoso para a mulher é em casa'

Por Da redação
Atualizado em 11 Maio 2018, 11h32 - Publicado em 11 Maio 2018, 00h15

“Ingrid levou oito pontos no nariz e ficou com o olho roxo porque seu marido se irritou no trânsito e bateu nela. Salma levou um murro no queixo porque comprou um armário sem avisar. Sandra foi espancada porque o companheiro a viu no portão com um primo.” Começava assim a reportagem de VEJA de 15 de março de 2006 sobre violência doméstica. Mais de dez anos depois, os relatos impressionantes das agressões do juiz Roberto Caldas a sua companheira mostram que o tema, infelizmente, continua muito atual.

Naquela edição, VEJA trazia o depoimento corajoso de mulheres que haviam dado o primeiro passo para encerrar o ciclo de brutalidade de que eram vítimas: romper o silêncio – “o poderoso e cúmplice silêncio que permite a maridos espancadores continuar aterrorizando a vida de milhões de mulheres em todo o mundo”, destacava a reportagem.

O relato que estampou a capa foi o de Ingrid Saldanha, mulher do ator Kadu Moliterno. Depois de levar um soco do marido durante uma discussão dentro do carro, ela resolveu falar sobre a rotina de agressões.

Edição 1947 de VEJA
(VEJA/VEJA)

“Eu tinha só 14 anos quando a gente se conheceu e ele sempre teve muito ciúme. É até engraçado, porque o famoso e bonitão era ele. Mas o fato é que desde o início do meu casamento volta e meia os desentendimentos terminavam em violência física. A gente se separava e depois voltava. Passei muito tempo evitando enxergar, acreditando no amor, tentando preservar a família. O Kadu é um ótimo pai, do tipo que acorda cedo para fazer vitamina para as crianças, ajuda a fazer o dever de casa. Eu não queria privar os meninos dessa convivência, mas hoje consigo enxergar que isso foi um erro. Numa situação de violência a autoestima fica lá embaixo, você não consegue produzir nada, só uma fantasia de que aquilo tenha algum futuro. Acaba se prejudicando e também prejudica a família. No Carnaval, quando ele me bateu, acabei explodindo e expondo todo mundo exatamente da maneira que sempre lutei para evitar”, disse ela.

Continua após a publicidade

O depoimento de Ingrid revelava alguns dos motivos que fazem as vítimas de violência doméstica hesitarem em buscar ajuda, como o medo de prejudicar os filhos, a vergonha da exposição e a esperança de que o parceiro melhore. Esses obstáculos já apareciam em outra reportagem de VEJA, publicada na década anterior.

‘O lugar mais perigoso para a mulher é em casa’

Em edição de 1º de Julho de 1998, ao analisar os dados das agressões, a revista observava que “o lugar mais perigoso para a mulher é em casa”. “Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo pai de seus filhos, ex-marido ou atual companheiro, é nove vezes maior do que o de sofrer alguma violência na rua, fora do âmbito familiar. Aquelas que deveriam ser as paredes protetoras do lar atuam como muros do medo.”

Para entender melhor o problema, a reportagem visitou uma Delegacia da Mulher e acompanhou a movimentação das vítimas. “Todas parecem ter uma mesma expressão no olhar. É um olhar vazio, perplexo e derrotado. Ele espelha o caminho que cada uma percorreu até a delegacia, para expor as feridas mais íntimas de sua vida. Muitas desistem à última hora e dão meia-volta antes de entrar. Outras — quase 30% — retornam nos dias seguintes para retirar a queixa.”

Continua após a publicidade

Uma dessas desistentes justificava: “Ele nunca tinha me batido antes, foi a primeira vez, não matou ninguém. A gente tem é de resolver as coisas em casa, entre a gente mesmo. Eu é que fiz besteira e agora vou tentar consertar”.

O texto também destacava que “a procura mais intensa de ajuda ocorre às segundas-feiras, logo que acaba o fim de semana de agressões em que a vítima tem poucas possibilidades de escape, pois o agressor está dentro de casa. É nas manhãs de segunda-feira, depois de encaminhar os filhos para a escola e certificar-se de que o marido saiu para o trabalho, que a mulher agredida se põe em marcha”.

Em um exemplo claro de que o combate à violência doméstica ainda tinha um longo caminho a percorrer, a revista registrava o caso de uma mulher que deixou a delegacia angustiada e com uma folha de papel na mão. Era a intimação para seu marido comparecer diante de um juiz, e que ela – a própria vítima – ficou encarregada de entregar ao agressor.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.