De ‘Rei Leão’ a ‘Avatar’: o mundo animal da Disney
Em 1998, VEJA reportava a inauguração do parque Animal Kingdom, em Orlando, que agora ganha uma nova atração, baseada no arrasa-quarteirão de James Cameron


Reportagem de VEJA desta semana revela a aposta da Disney para o próximo verão em Orlando (Flórida): Pandora, inspirada no universo fictício de Avatar, o filme do diretor James Cameron que detém o recorde de bilheteria de toda a história do cinema. A nova atração do Animal Kingdom, o parque de diversões dedicado ao mundo animal, será aberta em 27 de maio “com uma promessa superlativa: proporcionar às pessoas uma imersão em um universo de fantasia incomparável ao de qualquer outro parque temático do planeta”.
Pandora custou meio bilhão de dólares, cerca de metade do que foi gasto com todo o Animal Kingdom, aberto em abril de 1998. Naquele mês, reportagem de capa de VEJA tratou da inauguração do maior parque temático da Disney – e do mundo -, com 202 hectares, cinco vezes o tamanho do Magic Kingdom, o primeiro e mais famoso parque da Flórida, inaugurado em 1971.
“A grande novidade são os animais de verdade, sobretudo os selvagens. Pode-se fazer ali, com a segurança e o conforto típicos da Disney World, um safári fotográfico como os que se realizam na África, em meio a leões, elefantes, girafas, rinocerontes e até bichos raros, como o quase extinto ocapi, um primo menor da girafa”, dizia a reportagem. “Ao todo são cerca de 1.000 animais vivos, de 200 espécies diferentes, mais outros tantos em forma de robô, escultura e boneco nos três shows musicais do parque. Nem mesmo os animais extintos foram esquecidos: há um eletrizante passeio pelo mundo no tempo dos dinossauros.” A abertura do Animal Kingdom também contou com um empurrãozinho do cinema: o sucesso do desenho Rei Leão, que ganhou musical de 40 minutos encenado na mesma área onde agora se ergue Pandora.
Mas o ponto alto do parque eram os safáris. Sua montagem exigiu o recrutamento de tantos animais de zoológico que foi chamado na imprensa americana de “maior movimentação de bichos desde a arca de Noé”. “Embarca-se num caminhão para um passeio de vinte minutos ao longo de 3,2 quilômetros numa área com vegetação da savana africana. Mesmo sendo a menos calculada das atrações da Disney, é o que de melhor se produziu em matéria de conforto e segurança”, dizia a reportagem. “Antes da abertura do Animal Kingdom, durante três meses um caminhão passou todas as manhãs entre os animais para acostumá-los com o barulho. Os bichos ficam em pontos bem visíveis graças a um simples truque: depósitos de comida em lugares fixos. Assim, é possível ver sem embaraços elefantes jogando água uns nos outros, avestruzes, girafas, hipopótamos e leões preguiçosos, sem que seja preciso ir à África.”
VEJA observava que a sensação controlada de aventura oferecida pelo Animal Kingdom era o melhor exemplo da fórmula da Disney: “proporcionar às pessoas diversão e aventura sem no entanto arriscar um fio de cabelo”. “Todo mundo sonha participar de um safári de verdade na África, mas pouca gente tem disposição de embarcar para Nairóbi, enfrentar enxames de mosquito no calor tórrido da savana e ainda correr o risco de ser devorada num safári realista demais. No novo parque da Disney é possível fazer tudo isso com conforto e sem correr risco algum. A receita imaginada por Walt Disney, de fazer sonho tornar-se realidade, está materializada em Orlando.”
Já então o complexo de parques em Orlando se impunha como um dos destinos prediletos de brasileiros – só superados por britânicos e canadenses. É assim ainda, como informa VEJA desta semana. “Orlando magnetiza os brasileiros. Eles começaram a aparecer em formigueiro nos anos 1990. Virou um fenômeno”, diz a reportagem. “Luminosos de restaurantes às margens das grandes avenidas avisam que servem picanha. Em centros de compras, como o popular Premium Outlets, a língua estrangeira mais falada é o português. A Brazilian’s Pastries exibe na vitrine doce de leite, brigadeiro e guaraná. Em um quiosque especializado em malas, o dono, Vinícius Francisco, é carioca e seus maiores clientes são brasileiros e argentinos. Mas os hermanos são comedidos. ‘Os brasileiros levam logo o kit de três malas, esvaziam as sacolas no meio do shopping e botam tudo dentro’, diz.”