Weis não é um, mas sete
Entrei no Google para saber se eu já havia me referido, alguma vez, a Luiz Weis, editorialista do Estadão, tocador de tuba do petismo e colaborador assíduo do Observatório da Imprensa. Nunca. Era o que eu imaginava. Embora ele viva com o meu nome na boca. Leitores me mandam o link de um texto seu […]
Lembram-se daquela passagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, a do “almocreve”? Weis vive implorando que eu lhe dê alguns trocados. Já fui tentado a jogar tostões em seu chapéu. Quando, no entanto, penso em sua figura diminuta, em sua constrangedora irrelevância, em sua arrogância sem lastro, em sua disposição para a serventia, em sua inclinação para lustrar os sapatos do poder — já que precisa ficar na ponta dos pés quando quer puxar o saco —, em sua compulsão para os encômios, sou tomado de tal desprezo, que o deixo pra lá, ignoro-o. A exemplo de Brás Cubas, vou diminuindo o valor da esmola. Até que não reste nada.
O que foi que fez o anão moral? Ah, resolveu repreender Ancelmo Gois, que escrevera em O Globo uma nota sobre Dilma Rousseff, que ele, Weis, considerou injusta. Num dado momento de seu artigo, mandou ver: “Sendo portanto colossal a distância – como se queira medi-la – entre um Ancelmo Gois e os membros da rancorosa família política dos Azevedos e Mainardis, de quem apenas seria de esperar uma nota do gênero, conto no relógio quanto falta para o colunista se desculpar profusamente do vexame.”
Vocês sabem: agora está na moda. Escreva o vagabundo sobre o que for, mesmo que seja um artigo sobre a culinária dos bororos, o negócio é falar mal de Diogo, do Reinaldo, da VEJA e da TV Globo. Vira uma prova de coragem. Como se, ao fazê-lo, o meliante estivesse correndo algum risco. Virou uma senha do adesismo e um seguro contra o desemprego. O cara sempre poderá ser chamado por Franklin Martins. Weis é do tipo que não se incomoda de ir fazendo, com o focinho, a faxina da cozinha do poder. Enquanto os grandes se refestelam, ele vai catando as migalhas. Servil, abana feliz a cauda e, com olhos pidões, espera sempre mais. Terminado o serviço, pedem-lhe que se equilibre sobre duas patas, como essas cadelinhas de circo, que vestem saiote.
Não sei se ainda volto a falar sobre o sujeitinho. No geral, ignoro os seres de estatura semelhante. Mas há dias em que, feito Lula, acordo invocado. Talvez eu o deixe pra lá. Ando ocupado com um texto de ficção. A personagem central é um jornalista ordinário, que tem por hábito vasculhar gavetas alheias, o que lhe custa a demissão — e um rancor, misturado à subserviência, que não tem cura.
Ah, sim. “Reinaldos” e “Mainardis”, assim, no plural? Não sabia que já fazíamos escola. “Weis”, em português, já vem flexionado. Poderia dizer que, como os demônios, o homem é uma legião. Mas quê… É café pequeno. Weis já vem com “s” porque não é um, mas sete. Os sete anões morais do jornalismo.