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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Viva a homogeneização cultural! Abaixo o maracatu!

Começa depois de amanhã, no Rio, e vai até o dia 30 o seminário nacional Mídia e Psicologia: Produção de Subjetividade e Coletividade. É uma promoção do Conselho Federal de Psicologia, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira. Os […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h21 - Publicado em 26 jun 2007, 21h09
Começa depois de amanhã, no Rio, e vai até o dia 30 o seminário nacional Mídia e Psicologia: Produção de Subjetividade e Coletividade. É uma promoção do Conselho Federal de Psicologia, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira. Os valentes divulgaram uma carta-manifesto, que reproduzo abaixo, em vermelho, conforme o original. Leiam. Volto depois.

O atual estado de controle sobre os meios de comunicação de massa no Brasil consiste em verdadeiro obstáculo para que o Brasil se reconheça enquanto nação plural. Hoje, cinco famílias brasileiras controlam certa de 95% dos meios de comunicação de todo o território nacional. No ano de 2006, em meio ao pleito presidencial, todo o Brasil pôde constatar o potencial risco de os meios de comunicação adotarem o comportamento de interferência sectária na definição do futuro político do país. É a usurpação do direito de um povo escolher os rumos que quer tomar.

Como aprendemos com Perseu Abramo, no livro Padrões de Manipulação na Grande Imprensa, são demasiados os modos de manipulação utilizados pelos meios de comunicação. E essa influência torna-se ainda mais forte e prejudicial no atual ambiente de monopólio da comunicação no país. E isso não pode passar despercebido.

Diante desse quadro, várias entidades que reúnem psicólogos profissionais, pesquisadores e estudantes de Psicologia do Brasil começaram a definir linhas de conduta para a luta pela democratização da comunicação no país. Dentre tais condutas, encontra-se a defesa intransigente do acesso à geração e difusão de informação por parte de grupos tratados como minoritários pela população brasileira (tais como representantes de diferentes orientações sexuais, de diferentes origens étnicas, de diferentes classes sociais e de diferentes níveis de formação escolar).

Nessas condutas encontra-se também a defesa perene a um tratamento condigno às diferentes formas de expressão cultural existentes no país, que prescinde da presença e do respeito, nos meios de comunicação, aos diferentes aspectos das culturas típicas das diversas regiões brasileiras, expressas nos diferentes modos de falar, nos diferentes hábitos alimentares, nas diferentes histórias regionais e na diversidade do povo brasileiro.

Defendemos também, como linha de conduta, o combate intransigente às ações homogeneizantes dos meios de comunicação, e, ainda, defendemos a produção de uma contribuição efetiva do conhecimento psicológico para a luta pela construção de processos de comunicação que ajudem o Brasil a se compreender em sua totalidade e a se desenvolver enquanto uma nação de muitos rostos, muitas vozes.

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Por isso é que nós, psicólogos, estudantes, professores e pesquisadores de Psicologia de todo o Brasil queremos uma Conferência Nacional de Comunicação Social. Queremos uma conferência que nasça nos municípios, com a cara e as necessidades do povo brasileiro, e que represente todo o território nacional, em toda a sua diversidade. Queremos uma conferência não verticalizada, imposta com encaminhamentos definidos por grupos minoritários e que nos chegue de cima pra baixo, feita às pressas.

Queremos uma Conferência que seja construída com ampla discussão social e com a participação de todas as visões presentes na sociedade; queremos uma Conferência Nacional de Comunicação na qual participem todos os atores envolvidos no processo de comunicação (que participem os movimentos sociais; o empresariado; os profissionais de todas as áreas, incluindo a Psicologia; que participem as rádios e TVs comunitárias; os professores e profissionais das áreas de Comunicação; que participem os professores, os gestores, os interessados no tema).

Para construir esta Conferência Nacional de Comunicação Social, nós, professores, estudantes, pesquisadores de Psicologia e os psicólogos, dispomo-nos a atuar militantemente na produção do debate social sobre o tema. E convidamos todos os cidadãos brasileiros a este diálogo. Vamos utilizar os instrumentos produzidos pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação para promover debates com nossos grupos de trabalho, grupos de estudo e com as nossas famílias.

Convidamos a todos para se engajarem nesta luta: a hora é agora!

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São psicólogos ou candidatos a censores? Digam-me cá: o que há de, vamos lá, “psicologicamente relevante” nesse apanhado de bobagens? Onde estão os referenciais da psicologia, já que os signatários falaram nessa condição? Trata-se de um manifesto político e, pior do que tudo, político-partidário, embora omita essa condição. Não por acaso, a obra que, assumidamente, lhes serve de referência foi escrita por um notório esquerdista, que batiza o fundação que serve de centro de estudos do PT: Perseu Abramo.

Afirmar que, hoje em dia, 95% dos meios de comunicação estão nas mãos de cinco famílias corresponde a mentir de uma forma descarada. Essa gente omite, por exemplo, a fantástica e cara máquina de comunicação do governo e a imprensa sindical e das ONGs. Mais: na era da Internet, está em curso é uma desconcentração da informação.

Observem que a carta compra a tese de que houve uma tentativa de interferência dos meios de comunicação na eleição de 2006, o que é uma mentira deslavada, inventada pelo PT, para encobrir as sua falcatruas, com o auxilio de meia-dúzia de jornalistas que dependem, para viver, da verba de empresas estatais. Qual foi a tentativa de golpe? É fácil de responder: as notícias sobre o dossiê petista.

Trata-se de uma carta fraudulenta, escrita por defensores da censura branca que se tenta impor ao país. Ontem, o tal José Eduardo Romão, diretor do Departamento de Justiça, e Guilherme Canela, um ongueiro de voz suave, tiveram a chance de defender a classificação indicativa — outro nome de censura prévia — no programa Roda Viva. Não conseguiram. Não conseguiram provar nem mesmo a constitucionalidade do que pretendem.

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As quatro entidades, protegidas pelo véu de uma suposta representação de categoria, estão é se alinhando com o projeto petista de censurar a mídia — na verdade, colocam-se como tentáculos do partido. Fico fascinado que psicólogos se dediquem a tal tarefa. A sua primeira obrigação é olhar para o próprio rabo, indagando-se: “Por que será que nos damos o direito de dizer o que é melhor para eles?”. Mais: fingem que lidam com valores humanos e universais.

Pois eu já acho, por exemplo, que a Rede Globo faz um bem enorme ao país. Dou um exemplo. Repararam como só nos últimos, sei lá, dez anos, talvez menos, o cinema brasileiro aprendeu a falar? Sim, isto mesmo: falar. Os diálogos das obras nacionais na telona sempre se pareceram mais com uma declamação do que com uma fala corriqueira, coisa que o cinema americano sabe fazer desde sempre. Quem emprestou naturalidade à fala do brasileiro na tela, ainda que errando o acento de certos sotaques? As novelas.

Não sei se Selva de Pedra contribuiu para acabar com o catira de São Paulo ou com o maracatu de Pernambuco. Se o fez, vai ver ofereceu algo às pessoas de que elas estavam um tanto carentes, que o catira e o maracatu já não podiam oferecer. Mais ou menos como a psicologia substituiu as benzeduras do meu interior. Com a ligeira diferença de que eu, se for preciso, entrego-me às benzedeiras, mas jamais ficaria a mercê de psicólogos — a menos que tivessem formação psicanalítica. E necessariamente freudiana. Exijo que um analista tenha lido mais Freud do que eu. E, garanto, não é fácil.

Vão catar coquinho na beira do brejo teórico do Romãozinho. Esse truque é manjado. Quando os candidatos a censores falam do amplo apoio da sociedade, referem-se a entidades como essas, que se comportam como meros esbirros do PT.

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Viva a homogeneização cultural!
Abaixo os localismos!
Viva a urbe!
Abaixo a tribo!

PS: Ah, sim, eles escrevem lá: “Dispomo-nos a atuar militantemente na produção do debate social sobre o tema.” Isso é falta do que fazer. Cabeça desocupada é a casa do capeta. Fidel Castro os mandaria para os canaviais. O facínora — que anda sendo rejeitado até pelo diabo, que se nega a carregá-lo para o inferno — não deixa de ter seu lado simpático, não é mesmo?

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