Vocês sabem o que penso sobre o aborto, opinião expressa em dezenas de posts. O tema está na capa da VEJA desta semana. Embora a prática seja proibida no país — a não ser em caso de risco de vida da mãe ou de estupro —, não é segredo que milhares de intervenções são feitas todos os anos. Há quem diga que pode chegar a um milhão, número impossível de provar em razão da clandestinidade da maioria das intervenções. Muitos médicos, informa Adriana Dias Lopes, têm visto a questão segundo a chamada “política de redução de danos”: não estimulam ou facilitam a interrupção da gravidez, mas prestam a suas pacientes o devido socorro. A reportagem resulta equilibrada, informando as vertentes do debate sobre o assunto e todos os óbices de consciência que o envolvem, driblando o risco do proselitismo. Neste ano, o STF tomará uma decisão sobre a legalidade do aborto em caso de má-formação fetal. É dada como certa uma decisão favorável à interrupção da gravidez.
Prestem atenção a esta consideração:
“Eu não me sinto à vontade nem para indicar um especialista nem para orientar uma paciente que queira interromper a gestação sobre como usar medicamentos abortivos. Fazer isso é o mesmo que praticar o aborto. Seja qual for a circunstância em que o feto tenha sido concebido, não posso ser juiz de uma vida em potencial. É esse mesmo raciocínio que me faz ser contra a pena de morte e a eutanásia.”
Seria a opinião de um líder religioso? Não! Quem fala é Yaron Hameiry, ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Médicos, sabemos, são obrigados a lidar constantemente com a morte. Mas há os que demonstram o seu compromisso essencial com a vida, como Hameiry.Devemos aplaudi-lo por isso.
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