VEJA 8 – O Google quer você
Por Paula Neiva:O que uma empresa pode querer depois de conquistar o quase monopólio em seu ramo de negócios? O Google tem uma resposta implacável: buscar ser ainda maior e atingir o domínio global em uma escala jamais vista antes em qualquer outro campo da atividade humana, seja político, seja militar ou cultural. É um […]
O que uma empresa pode querer depois de conquistar o quase monopólio em seu ramo de negócios? O Google tem uma resposta implacável: buscar ser ainda maior e atingir o domínio global em uma escala jamais vista antes em qualquer outro campo da atividade humana, seja político, seja militar ou cultural. É um delírio de grandeza? Longe disso. Pelo que já mostrou nos dez primeiros anos de vida, o Google, de longe a mais popular ferramenta da internet, tem a vontade e os meios de atingir seus objetivos. Um em cada nove habitantes do planeta, ou 710 milhões de pessoas, recorre a seu serviço de busca pelo menos uma vez a cada mês. São pessoas de todas as idades, níveis de renda, nacionalidades, etnias e religiões que têm em comum o fato de viver no mesmo planeta e usar o Google. Se todas se dessem as mãos, formariam um cinturão humano extenso o suficiente para dar 31 voltas ao redor da Terra. Em seu auge, nos anos 60, a General Motors, a maior empresa do mundo real e que hoje pede socorro ao governo para não fechar as portas, fabricava metade dos automóveis americanos. Pois o Google tem 71% do mercado de buscas on-line nos Estados Unidos. No mundo, tem 60%. Do restante, 20% é dividido igualmente entre o Yahoo! e o Baidu, o site mais popular na China, em idioma mandarim. Sobram apenas 20% para todos os demais concorrentes. O gigante quer mais – e seu modelo de negócio, que combina a ambição desmedida com uma visão generosa do mundo, favorece a expansão sem maiores resistências.
Em poucas palavras, o Google visa a digitalizar e a armazenar toda a informação do mundo de modo que ela possa ser utilizada gratuitamente por qualquer pessoa com acesso à internet. Em troca de serviço tão meritório, a empresa quer todos os dados que seus usuários possam fornecer sobre hábitos de consumo e, a partir disso, conquistar toda a verba de publicidade disponível na rede. Seus projetos são tão formidáveis em extensão e os custos previstos tão elevados que parecem ser desenvolvidos não por uma empresa, mas por um país.