VEJA 7 – “O PMDB não é o PT”
Por Felipe Patury:O PMDB foi o grande vitorioso da eleição municipal deste ano e ninguém espelha melhor seu sucesso do que Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional e cacique da legenda na Bahia. Sua corrente venceu em 33 cidades em 2004. Desta vez, conquistou 115. A musculatura do ministro impressiona até seus aliados. Na […]
O PMDB foi o grande vitorioso da eleição municipal deste ano e ninguém espelha melhor seu sucesso do que Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional e cacique da legenda na Bahia. Sua corrente venceu em 33 cidades em 2004. Desta vez, conquistou 115. A musculatura do ministro impressiona até seus aliados. Na Bahia, eles o encaram como potencial adversário do petista Jaques Wagner, que quer se reeleger governador em 2010. Em Brasília, Geddel é visto como uma das alavancas que empurrarão o PMDB para a chapa do PT ou a do PSDB na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esses dilemas ocupam boa parte de seu tempo, mas, na semana passada, Geddel tinha outra preocupação: uma hérnia de disco, revelada por uma bateria de exames médicos. Aos 49 anos, ele luta para evitar que o sobrepeso – 93 quilos para 1,70 metro – comprometa sua saúde.
O presidente Lula pode confiar no PMDB?Pode. O PMDB não vai apunhalá-lo. Mas também é ilusão achar que vai apoiar um petista para presidente em 2010, 2014, 2018 e assim por diante. Só não haveria dificuldade se o candidato fosse o presidente Lula. Há setores do PMDB que não querem manter a aliança com o PT, mas eu defenderei o apoio ao candidato de Lula. Disputaremos com eles de que lado a legenda estará: se do governo ou da oposição. A verdade, porém, é que os partidos costumam fazer alianças por um tempo determinado. O PMDB não é o PT. É legítimo, portanto, que em dado momento possa tomar uma atitude diferente. A aliança com o PT, a meu ver, é mais coerente, mas eu seguirei a decisão do partido. Nunca vesti outra camisa nem agitei outra bandeira que não a do PMDB. Não pretendo mudar.O PMDB tem o maior número de prefeitos, deputados e senadores. Por que não disputa a Presidência com um candidato próprio?O partido não tem quadros à altura para essa disputa. Entre as novas lideranças, há o governador (do Rio de Janeiro) Sérgio Cabral, que merece destaque. Mas não o vislumbro concorrendo à presidência. Ele se voltou integralmente para o Rio e não adotou no cenário nacional posturas que o credenciem como candidato a presidente. Faltam lideranças nacionais no cenário político. Hoje, as únicas lideranças do país são Lula e o governador de São Paulo, José Serra. Há um quadro novo surgindo, mas ainda não testado nas urnas, que é (o governador de Minas Gerais) Aécio Neves. Fora esses nomes, a vida pública nacional é só aridez.