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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

VEJA 6 – O milagre da multiplicação do dízimo

Edir Macedo é como a TV Record, e ambos são como a sua teologia: inegavelmente prósperos. Até 1977, ele era um simples funcionário público. Trinta anos depois, é dono da TV Record, avaliada em R$ 4 bilhões, e teve de recorrer a uma maquiagem jurídica para disfarçar o que foi anunciado aos próprios telespectadores: é […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 jun 2024, 08h42 - Publicado em 6 out 2007, 07h08
Edir Macedo é como a TV Record, e ambos são como a sua teologia: inegavelmente prósperos. Até 1977, ele era um simples funcionário público. Trinta anos depois, é dono da TV Record, avaliada em R$ 4 bilhões, e teve de recorrer a uma maquiagem jurídica para disfarçar o que foi anunciado aos próprios telespectadores: é proprietário também da Record News. A lei proíbe que duas emissoras numa mesma base territorial pertençam à mesma pessoa. Macedo deu um jeito. A intervenção não teve nada de divina. Foi um desses milagres feitos por homens nas barbas da Justiça, do Ministério Público e do governo federal. Neste terceiro caso, o dono da barba até agradece. A VEJA traz uma longa reportagem de Marcelo Marthe sobre a vertiginosa trajetória do empresário Macedo e sua ambição de confrontar — e derrotar — a Globo, embora sua audiência corresponda a apenas um terço daquela da concorrente.

A ascensão da Rede Record, lembra Marthe, também revela uma escolha empresarial inteligente — a inteligência, como coisa em si, não é uma ética ou uma moral. É um dado. A emissora passou por duas fases antes de chegar à atual: a do proselitismo religioso agressivo e a dos programas popularescos. Até descobrir os benefícios da clonagem: resolveu imitar o chamado Padrão Globo de Qualidade para se qualificar como uma emissora “séria”. Leia a reportagem e veja detalhes dessa trajetória.

Por mais competência empresarial, no entanto, que Macedo demonstre, nada se iguala à sua competência para arrecadar o dízimo dos fiéis de sua seita, a Igreja Universal do Reino de Deus. Nela está a origem do homem bilionário. A IURD arrecada, por ano, estimados R$ 2 bilhões. Atenção: é dinheiro livre de impostos. Desse total, R$ 300 milhões vão parar nos cofres da Record por meio da compra de horário — aqueles programas religiosos da madrugada. É só uma forma de, uma vez mais, maquiar a transferência de recursos da Universal para a emissora. Faltasse outra evidência, esta bastaria: a seita paga R$ 140 mil por hora para manter seu programa na Record, que rende um ponto no Ibope. No mesmo horário, a audiência da Globo é quatro vezes maior, mas o faturamento é de R$ 40 mil por hora. Outra evidência do, digamos, superfaturamento está no fato de que a seita aluga horário em outra TV e paga muito menos.

Esta semana, como sabem, chega às livrarias a biografia de Macedo, com uma tiragem de 700 mil exemplares. Como tudo o que diz respeito a este gigante, também ela é maquiada. Metade vai ser distribuída nos templos da seita. Marthe traz alguns trechos da obra, que revelam a vida e o pensamento do auto-intitulado “bispo”. O mais notável, leiam lá, é a sua, digamos, leitura do Plano Collor: “Fui salvo pelo gongo. O Plano Collor só ajudou a mim no Brasil inteiro, mais ninguém. Sorte? Coincidência? Cada um acredite no que quiser. Eu tenho certeza que foi Deus. ” Leia a reportagem e veja por que Macedo acredita que a atrapalhada Zélia Cardoso de Mello era só um instrumento que o Altíssimo usava para beneficiá-lo.

Ah, sim. Marthe também traz uma entrevista com o homem forte de Macedo na Record: o bispo Honorilton Gonçalves. Leiam a pergunta e a resposta que seguem:
A RECORD ADOTOU A TÁTICA DE IMITAR O PADRÃO DE NOVELAS DA GLOBO. ATÉ QUE PONTO ELAS SÃO UMA REFERÊNCIA?
Não são. Tentamos fazer novelas com a receita de que as pessoas gostam. Se a Globo também faz isso, talvez ela é que esteja imitando a gente.

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É isso aí. Já disse várias vezes que o petismo é a Universal da política, e a Universal é o petismo da religião. E eles têm em comum a falta absoluta de limites. Não deixe de ler a reportagem de Marthe.
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