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Reinaldo Azevedo

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VEJA 6 – A mãe natureza é cruel

O paleontólogo americano diz que é inútil e perigoso para a humanidade, a esta altura da civilização, tentar se reconciliar com a natureza retornando ao estilo primitivo de vida Por Carlos Graieb: Na mitologia grega, Medeia é a rainha que mata os próprios filhos como forma de vingança contra o marido infiel, o herói Jasão. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 17h06 - Publicado em 23 jan 2010, 04h51
O paleontólogo americano diz que é inútil e perigoso para a humanidade, a esta altura da civilização, tentar se reconciliar com a natureza retornando ao estilo primitivo de vida

VEJA 6 – A mãe natureza é cruel
Por Carlos Graieb:
Na mitologia grega, Medeia é a rainha que mata os próprios filhos como forma de vingança contra o marido infiel, o herói Jasão. Segundo o paleontólogo americano Peter Ward, da Nasa e da Universidade de Washington, a natureza é dotada desse mesmo instinto assassino, condenando todos os seres vivos à extinção a longo prazo. A natureza conspira para tornar a Terra um planeta estéril. A tese central de Ward de que a vida é inimiga da própria vida colide frontalmente com algumas das ideias mais estabelecidas do movimento ambientalista. Em seu livro The Medea Hypothesis (A Hipótese Medeia), Ward desmonta a “hipótese Gaia”, aventada pelo cientista inglês James Lovelock há cerca de quarenta anos, segundo a qual a natureza teria compromisso com a manutenção da vida sobre a Terra tendendo para a harmonia, situação que teria a ação humana como única ameaça séria de desequilíbrio. Diz Ward: “É falsa a ideia de que a natureza se salvará se nos conciliarmos com ela. A chance de manutenção da vida humana no planeta está no aprimoramento da ciência e da tecnologia”.

De cientistas renomados ao filme Avatar, boa parte do discurso ambientalista insiste que o homem precisa “retornar à natureza”. Essa ideia faz sentido?
Há muita coisa louvável no ambientalismo, da ênfase na economia de combustíveis e outros recursos à ideia de que é necessário preservar certas regiões do planeta. Mas a utopia do retorno a um mundo mais simples, mais primitivo, mais natural, aponta na direção errada, tanto por motivos práticos quanto por motivos teóricos. Se a população da Terra fosse de 1 bilhão de pessoas, vá lá. Mas, num mundo com 6 bilhões de habitantes, não poderemos abrir mão das conquistas de nossa civilização tecnológica se quisermos cuidar de doenças e produzir alimentos em larga escala, para ficar nas necessidades mais básicas. A civilização pré-industrial dos sonhos ambientalistas resultaria, muito rapidamente, em fome global. A fome acarretaria guerras e há poucas coisas feitas pelo homem mais devastadoras para o ambiente do que a guerra. Esse é um dos motivos por que os “verdes” deveriam deixar de lado sua aversão à tecnologia, e considerá-la uma aliada. Mas há outra razão para abandonarmos a tese do retorno ao primitivismo. A história do planeta mostra o contrário: a vida está sempre conspirando contra si própria, está sempre no caminho da autodestruição. Cabe a nós, humanos, refrear essa tendência, mais uma vez, por meio de nossa inteligência e da tecnologia. Estou falando na busca de soluções sem precedentes de “engenharia planetária”, com efeito atenuador sobre a temperatura da Terra e regulador dos ciclos básicos da biosfera.

A natureza não é uma mãe bondosa?
Ao contrário do que propõe uma das teorias mais difundidas nos últimos quarenta anos, a famosa hipótese Gaia, a mãe natureza não cuidará de nós eternamente se apenas voltarmos ao seu seio. Gaia é uma referência à deusa Terra na mitologia grega, cujo nome também pode ser traduzido como “boa mãe”. A hipótese tem duas versões. Uma diz que os seres vivos colaboram entre si para manter as condições ambientais dentro de parâmetros compatíveis com a manutenção da vida. A outra, mais radical, afirma que os organismos não apenas estão programados para manter os padrões de “habitabilidade” da Terra, como ainda conseguiriam melhorar a química da atmosfera e dos oceanos. Essas duas versões da hipótese Gaia estão totalmente erradas. Tomados em conjunto, os organismos existentes na Terra interagem com o ambiente de tal maneira que, a longo prazo, a vida tende a desaparecer. A natureza se comporta como Medeia, a mãe impiedosa que, na mitologia grega, mata os próprios filhos.
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