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Reinaldo Azevedo

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VEJA 3 – O DIA EM QUE O MUNDO ACABOU

Com a força de trinta bombas atômicas, o grande terremoto que sacudiu o Haiti destroçou a capital, Porto Príncipe, causou um número  ainda “inimaginável” de mortos, vitimou brasileiros e deixou o país, já paupérrimo, mais arrasado do que nunca Quando o mundo acabou no Haiti, às 4 e 53 da tarde de terça-feira, o mais […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 17h11 - Publicado em 16 jan 2010, 04h19
Com a força de trinta bombas atômicas, o grande terremoto que sacudiu o Haiti destroçou a capital, Porto Príncipe, causou um número  ainda “inimaginável” de mortos, vitimou brasileiros e deixou o país, já paupérrimo, mais arrasado do que nunca

Quando o mundo acabou no Haiti, às 4 e 53 da tarde de terça-feira, o mais terrível foi que, por algum tempo, os mortos viveram. Com a força infernal de trinta bombas atômicas, o terremoto aconteceu no pior lugar possível. Seu coração de terrível poder, o epicentro, praticamente coincidiu com as ruas e encostas esquálidas de Porto Príncipe, a capital. Pouca coisa resistiu. Os casebres, os prediozinhos precários, os escassos edifícios mais imponentes. O topo da catedral, com suas duas torres, desapareceu. O arcebispo morreu. O Congresso ruiu, com o presidente do Senado lá dentro. Hospitais, escolas, hotéis. Uma universidade inteira tragou 1 000 viventes. No palácio presidencial, em pomposo estilo francês, foi como se uma foice gigante tivesse ceifado o prédio, na horizontal, e ele se reacomodasse, alguns metros mais abaixo. “Estou andando sobre corpos”, disse Elisabeth Préval, a mulher do presidente, depois de escapar do choque mortífero que tudo engolfou. Zilda Arns, uma campeã da humanidade na luta para salvar crianças da desnutrição, não conseguiu escapar, da mesma forma que quase duas dezenas de militares brasileiros da força da ONU no Haiti. O prédio de cinco andares ocupado pelos funcionários civis da ONU também veio abaixo, com mais de 200 pessoas dentro, entre as quais o segundo no comando, o carioca Luiz Carlos da Costa.

Quantos morreram? Talvez 50 000. Ou 100 000. Quem se arriscaria a calcular? “Inimaginável”, definiu René Preval, o presidente sem teto – perdeu o palácio e a residência particular -, abrindo os braços, no meio da rua, perplexo. Os vivos vagavam como almas penadas, sem ter casa para onde voltar ou, tendo, sem coragem para entrar nela. Os que iam morrer pediam um socorro que não vinha. Na primeira noite, os gritos eram muitos, constantes, lancinantes. Aos poucos, foram diminuindo. “Hoje, quinta-feira, não escuto mais ninguém”, disse a VEJA o coordenador de uma entidade assistencial, Jean Claude Fignole. “Os escombros ficaram em silêncio. Os que continuam vivos estão muito fracos para gritar. Alguns apenas ainda estão com os celulares acesos.”

Fotos Logan Abasi/AP; Matthew Macgregor/AP
FORÇA SOBRENATURAL
O palácio presidencial, construído em 1918, antes e depois da tragédia: como uma foice gigante que desfechasse um golpe na horizontal

Ah, os celulares. Quando a terra tremeu, a luz acabou, a água sumiu e ergueu-se uma nuvem de cimento parecida com a vista em Nova York no 11 de setembro de 2001. As comunicações se evaporaram. Mas, com o mesmo padrão aleatório típico dos terremotos – aqui um prédio intacto, acolá um que parecia Hiroshima bombardeada -, alguns celulares continuaram funcionando. O grande terremoto do Haiti foi transmitido pelo Twitter, em doses de dramática concisão. “O centro virou poeira e escombros”, tuitou no primeiro momento Frederic Dupoux. Depois: “Corpos por toda parte, não vi nenhuma ambulância nem nenhum serviço médico em lugar nenhum”. Aqui

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