Veja 1 – A derrota de Bush na capa
Veja traz na reportagem de capa a contundente derrota do governo de George W. Bush nas urnas. Eu me declarei republicano nos EUA, mas a revista não me deu a menor bola, hehe. Bush apanha sem dó. A revista trata também dos desafios que estão postos ao governo americano — seja o de Bush, “pato […]
“Os americanos entenderam, finalmente, o que o resto do planeta sabia havia bastante tempo: George W. Bush está errado. O massacre eleitoral do Partido Republicano, na semana passada, teve o impacto de um Tomahawk junto à Casa Branca. O foguete trouxe a mensagem de que os americanos querem mudanças de curso no governo, sobretudo na condução da guerra no Iraque. Em uma reação instintiva, o presidente demitiu o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, arquiteto do fiasco iraquiano. Bush não é agora apenas um pato manco – como os americanos definem seus presidentes fracos sem direito a disputar outros mandatos –, mas também um pato depenado. Minoritário no Senado e na Câmara dos Deputados, Bush agora vai governar de mãos dadas com seus inimigos, os democratas. Não pode haver pior cenário para alguém que parecia exercer um poder dinástico. Agora George W. Bush, filho de George (ex-presidente dos Estados Unidos) e irmão de Jeb (governador da Flórida), terá de aceitar a coabitação com a gentinha que ele até a semana passada desprezava.
IRAQUE – Os americanos foram claros nas urnas: querem mudanças na condução da guerra. Mas quais mudanças? Não há consenso a respeito disso nem entre os democratas. Uma retirada precipitada das tropas poderia acabar com o Iraque convertido numa colônia do Irã e num santuário para terroristas. (…)
BRASIL – “À primeira vista, a vitória democrata pode dificultar as negociações que envolvem a importação de produtos brasileiros. ‘Os brasileiros tendem a simpatizar com os democratas, mas a verdade é que tradicionalmente eles defendem mais barreiras às importações do que os republicanos’, diz Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington e Londres. (…)
PROLIFERAÇÃO NUCLEAR – Em termos de política externa, as eleições giraram em torno do Iraque e do comércio internacional. O risco de o Irã e a Coréia do Norte, dois Estados de maus bofes, possuírem armas nucleares preocupa por igual republicanos e democratas. (…)
AMÉRICA LATINA – Um tema de convergência entre Bush e democratas é a necessidade de regularizar a situação dos 12 milhões de imigrantes ilegais, na maioria latino-americanos. O presidente não conseguiu avançar nesse assunto por oposição de seu próprio partido, que prefere erguer muros nas fronteiras e realizar expulsões sumárias. (…)
EUROPA – Muitos aliados tradicionais, afastados pela arrogância e pelo unilateralismo de Bush, estão festejando os resultados das eleições e esperam pelo retorno da sanidade nas relações diplomáticas. (…)
PALESTINA – Engajar-se em uma solução para o conflito árabe-israelense seria uma boa opção para Bush amenizar o fiasco de sua política externa, marcada pela derrota no Iraque, pelo aumento do terrorismo global e pelas ambições nucleares irrefreáveis de Irã e Coréia do Norte. (…)
ECONOMIA MUNDIAL – A economia americana é um colosso em moto-contínuo: ela se movimenta por inércia. Não são as decisões isoladas de um governante ou de algumas centenas de parlamentares que vão mudar de maneira radical o seu rumo. O que move os Estados Unidos é a força da globalização, com todo o seu intrincado mecanismo de causas e conseqüências. (…)
GUERRA AO TERROR – O maior risco no momento é os terroristas pensarem que estão ganhando e que os Estados Unidos irão fraquejar. Não é nada disso. O cerne da política externa de Bush continuará a ser a guerra ao terror. (…)”