Vá estudar, Arnaldo Jabor! Ou: O fascismo é de esquerda, meu rapaz!
Ninguém lá na Globo vai mandar o Arnaldo Jabor estudar, certo? Então faço a sugestão eu mesmo, ué. Nesta madrugada, no Jornal da Globo, naquele estilo “uma coisa sobre a outra”, com aquele raciocínio que evolui por camadas — é o método “cebola” de pensamento —, ele falou sobre a queda de Kadafi. Vejam. Uma […]
Ninguém lá na Globo vai mandar o Arnaldo Jabor estudar, certo? Então faço a sugestão eu mesmo, ué. Nesta madrugada, no Jornal da Globo, naquele estilo “uma coisa sobre a outra”, com aquele raciocínio que evolui por camadas — é o método “cebola” de pensamento —, ele falou sobre a queda de Kadafi. Vejam.
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Uma das bíblias dos “progressistas” que acreditaram e acreditam no diálogo com os extremistas islâmicos é o livro “Orientalismo”, do intelectual palestino Edwsard Said. A tese, resumida, é a seguinte: foi o Ocidente que inventou o mundo oriental dos “bárbaros”, dos “estranhos”, “do outro”. A tese tem lá a sua graça não estivesse ancorada numa contradição dada pelos próprios termos: para negar que exista “um Oriente”, Said cria “um Ocidente”. É o pensador, na hipótese de haver algum, que está na raiz do comentário de Jabor, um crítico ácido, como sabemos, do “Ocidente”.
O Ocidente? Fico imaginando um alienígena descendo por estas paragens: “Levem-me a seu chefe”. Ah, se o Apedeuta ficasse sabendo, hehe.
Quem anunciava até outro dia novas auroras não era o Ocidente, mas Arnaldo Jabor. Seus comentários estão devidamente registrados em vídeo. Por enquanto, o saldo mais visível da revolução egípcia, por exemplo, é a colaboração objetiva com o terrorismo palestino contra Israel. Na Líbia, a ONU pede a presença de tropas estrangeiras porque já sacou que os doces rebeldes são chegaditos a umas execuções sumárias. Ou por outra: não vêem nada de errado no método do facinoroso Kadafi. Só acham que ele deve ser aplicado contra as pessoas certas…
Então Jabor vem agora chamar a nossa atenção para o “vício” do “Ocidente” — “o final feliz” —, alertando que vêm pela frente sangue, suor e lágrimas… Não me diga! Mas isso tudo é o de menos.
Jabor acha que, com o fim dos ditadores, como ele diz, vai aparecer o verdadeiro povo árabe. Ah, o que se tinha até agora era o falso, uma “invenção” do Ocidente… E esse verdadeiro quer democracia e liberdade. Quem está em palpos de aranha, ele asseguira, sãos a Europa e os EUA por causa da… Tcham, tcham, tcham… direita!!! No extremo do delírio, compara o Tea Party à Al Qaeda, que reúne assassinos confessos de milhares de pessoas. Os que se identificam com o Tea Party disputam eleições segundo a Constituição americana e parecem nao adotar o método PMDB de negociação…
Jabor encerra seu comentário com o que seria apenas uma mentira histórica não fosse fruto da vigarice ideológica. Segundo ele, Chávez é só a direita disfarçada de esquerda. Com isso, Jabor quer dizer que a esquerda é naturalmente boa, e a direita, naturalmente má.
Se estudasse mais e opinasse menos; se parasse com esse método Lula “deixem que eu falo o que me dá na telha”, teria tempo para saber que comunismo e fascismo, ainda que episodicamente adversários, tiveram uma raiz absolutamente comum: a esquerda. Não é mera questão de opinião; não se trata de um juízo de valor. São movimentos que nasceram praticamente juntos. Mussolini foi um líder socialista — anticapitalista e antiliberal, como todos os fascistas e todos os fascismos. A tradição da direita é outra, é a liberal — o que não quer dizer que seja sempre sensata. Infelizmente para o comentarista, é possível estabelecer uma linha de continuidade que vai de Mussolini a Jabor, mas é impossível estabelecer a mesma linha entre o fascismo e o Tea Party.
Que coisa curiosa! Quem não tem intimidade com esses assuntos não entende uma vírgula do que fala Jabor; quem entende sabe que ele fala bobagem. Sim, o Tea Party, inteligente ou burro, é de direita, sim! Fascista não é! Fascista é o esquerdista Hugo Chávez!