Uma tese estúpida e esperta de Luiz Dulci
No Estadão de hoje. Volto depois: O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, atacou ontem “setores da direita e conservadores”. Para o ministro, eles “conspiram, através de um combate político, contra a participação dos movimentos sociais na formulação de políticas públicas”. Em pronunciamento na 13ª Conferência Nacional da Saúde, ele defendeu os movimentos sociais e as […]
O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, atacou ontem “setores da direita e conservadores”. Para o ministro, eles “conspiram, através de um combate político, contra a participação dos movimentos sociais na formulação de políticas públicas”. Em pronunciamento na 13ª Conferência Nacional da Saúde, ele defendeu os movimentos sociais e as organizações não-governamentais. As informações são da Agência Brasil. Na reunião, o secretário condenou a tendência de criminalização a priori de entidades sociais, como ONGs. “Nunca se deve deixar de levar em conta o papel do terceiro setor em todo o mundo na sua contribuição fundamental para a execução das políticas sociais”, disse Luiz Dulci. A CPI das ONGs, instalada recentemente no Senado, investiga os repasses do governo para essas entidades.
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A importância dos tais movimentos sociais no PT é bem maior do que se pensa. Eles são os encarregados de criar os falsos consensos, que ganham a mídia e acabam se convertendo numa espécie de bom senso, de sorte que contestá-los se torna virtualmente impossível. E esse consenso, vejam só, é sempre favorável às teses petistas. Quando chegam as eleições, em qualquer nível, essas células comparecem para fazer o trabalho eleitoral.
Dulci é hoje o mais instruído politicamente entre os petistas que estão no governo. Também tem uma leitura acima da média do partido — não estou me referindo ao Apedeuta, é claro, que deve perder até para o jardineiro do Palácio da Alvorada, obrigado a se instruir sobre plantas e pragas ao menos. Dulci já se informou o suficiente para saber que a desmoralização desses tentáculos petistas implica a desmoralização do próprio PT e uma espécie de desmobilização.
Não é por acaso que, em São Paulo, o partido saiu na defesa incondicional de padre Júlio Lancelloti, por exemplo. Ora, vocês se lembram: a cada eleição, lá ia esse aiatolá do crucifixo fazer o trabalho de proselitismo petista, desfilando por aí a sua aura de santo dos desassistidos. Quando a sacristia do padre caiu, certo tipo de militância sempre muito útil ao partido foi junto.
O mesmo vale para o MST (vejam post acima) e para a infinidade de ONGs que são nada menos que metástases do petismo. Então lá vem Dulci acusar a direita. Farei a ele o mesmo desafio que fiz a Marcos Nobre, articulista da Folha, já que a acusação e o alvo são os mesmos: cadê a direita? Por que ele não diz onde ela se esconde? Como é que ela prejudica os patriotas?