UM VERMELHO-E-AZUL COM O APEDEUTA. OU: “LULA PROMETE NÃO USAR MAIS AS VACINAS DOS LOUROS DE OLHOS AZUIS”
Eita! Estou denso e prolixo, hoje, hehe. Já há mais de 300 comentários na fila de novo. Já cuido deles. Bem, não tem jeito. Desta vez, terei de fazer um vermelho-e-azul com o Apedeuta, a partir do que relata Leonencio Nossa e que está publicado no Estadão online: Ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, […]
Ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, 29, que as decisões políticas neste momento de crise são mais importantes que as econômicas. “Ele (Gordon Brown), outros líderes mundiais e eu sabemos que o momento exige decisões políticas profundas mais fortes que decisões econômicas que viermos a tomar”, afirmou.Bobagem! Isso é uma recaída idiota de Lula nos tempos em que, como é mesmo?, “faltava vontade política” para resolver problemas. A expressão parecia ter um poder mágico. Não importava o tamanho do buraco, lá vinha a dita-cuja. FHC enfrentou seis crises internacionais e uma nacional. O PT tinha uma receita: “vontade política”. Crise russa se espalhando pelos emergentes? Ora, “vontade política nela”. Ele próprio viu que as coisas não são bem assim, não é? A sua marolinha virou um maremoto contra o crescimento, e ele foi obrigado a responder só com o gogó. Nem por isso, o PIB deixou de despencar. Mas a seqüência deixará claro que, nesse particular, Lula está querendo é outra coisa.Lula reforçou que a crise financeira internacional foi causada e fomentada por “gente branca, e de olhos azuis”, numa referência a especuladores estrangeiros, de países do primeiro mundo.Estendo-me aqui sobre o comentário breve e exato feito por Dona Reinalda. Lula deveria propor, sei lá, uma revolta da vacina em escala mundial. Nada de aceitar as descobertas dos “brancos de olhos azuis”. A declaração é, objetivamente, boçal e, numa dimensão que ele talvez não alcance, também racista. Sim, o racismo do ressentido não é diferente nem mais meritório que o racismo do chauvinista orgulhoso. São burrices opostas, mas perfeitamente combinadas. Ademais, boa parte do sofrimento dos povos africanos ou asiáticos foi provocada pelos líderes africanos ou asiáticos. Ou por sua, como diriam cheios de orgulho os multiculturalistas, “visão de mundo”. Há dias, em Angola, o papa lembrou os valores universais do cristianismo — que Lula talvez considere “brancos e de olhos azuis”. E o fez para combater superstições que levam pais a sacrificar crianças porque estariam tomadas por um espírito maligno. Um antropólogo brasileiro acusou o “universalismo” do Santo Padre de puro particularismo europeu. Ou seja: o papa era “branco e de olho azul”. Pode matar criança? Pode, desde que seja a afirmação de uma identidade. No Brasil, a Funai já sustentou que impedir o infanticídio em certas tribos mexe com a identidade cultural dos nativos.Lula rebateu afirmações de que haveria questões ideológicas nas suas avaliações sobre a crise financeira mundial. “Não existe questão ideológica, existe um fato que mais uma vez percebe-se que a maior parte dos pobres que sequer participava da globalização estava sendo uma das primeiras vítimas da crise. O preconceito que vejo é contra os imigrantes nos países desenvolvidos”, afirmou o presidente ao lado de Brown.Lula é esperto, sem dúvida, mas sua lógica é tão capenga quanto sua formação intelectual. Como pode ser “prejudicado pela crise” quem, então, não participava da brincadeira? Quando menos, o grupo ficou na mesma. Isso me lembra a piada do sujeito que tem uma padaria e estabelece quatro preços para o pãozinho, do mais caro para o mais barato: pão com manteiga, pão com margarina, pão sem manteiga e pão ser margarina. Este último é o mais barato. Não perde nada quem nada tinha a perder.Mas Lula está errado. A própria entrada, ainda que modesta, de alguns milhões de brasileiros no mercado consumidor decorre, vejam só!, da globalização. É verdade, não conversa, que o tal “sistema” ajudou a tirar da miséria milhões, muitos milhões, de chineses e indianos. Sabem aquela sanha de consumo daqueles americanos horríveis? Gerou milhões de empregos na Ásia. E no Brasil.
Não, senhor! Como grupo, foram os maiores beneficiários do, vá lá, antigo sistema. Se a crise torna difícil a vida dos pobres, sinal de que, então, eram beneficiados pela expansão.
Em declaração à imprensa, no Palácio da Alvorada, o presidente voltou a defender a regulação do sistema financeiro internacional. “Não é possível uma sociedade em que você entra no shopping ou no aeroporto e é filmado, sempre vigiado, e o sistema financeiro não ser vigiado e não ter uma regulação”, afirmou.
Ai, ai… É o velho argumento fajuto de declarar a igualdade entre A e B e depois ignorar A e só falar do B. Já o desmontei aqui. O que tem a ver uma coisa com outra?
Lula deveria propor a Obama levar o delegado Protógenes e, eventualmente, o juiz De Sanctis para policiar o sistema financeiro mundial…
Para o presidente, a crise financeira é uma febre que atinge todos os países.
Não! No Brasil, é só uma gripe que não derruba “cabra macho”, que tem “aquilo roxo” e engravida a Galega logo na primeira noite.
Ele defendeu maior participação do Estado na busca de melhorias para a sociedade. “É preciso que o sistema financeiro se reeduque e trabalhemos para incentivar o setor produtivo”, afirmou. “Temos consciência de que é preciso fortalecer as instituições de financiamento”, acrescentou.
Claro, claro. E é preciso também:
– amar as criancinhas;
– amar a natureza;
– jogar lixo no lixo e
– não comer com os cotovelos sobre a mesa.
Lula disse que Gordon Brown já é um “amigo” do Brasil e de seu governo, desde 2003, quando o britânico era ministro da Economia. “Recordo sempre dos momentos mais difíceis, quando tomamos posse em 2003. Gordon Brown, como ministro da economia, foi um parceiro para ajudar o Brasil naqueles momento difíceis e de incertezas, sobretudo para ajudar o Brasil a ganhar credibilidade internacional”, disse.
QUE FOI GANHA NÃO COM VONTADE POLÍTICA, MAS COM DECISÕES DE NATUREZA TÉCNICA
Brown defendeu a mudança na lógica do sistema financeiro internacional. “O antigo consenso de Washington morreu e não podemos voltar ao modelo de sistema bancário passado”, disse Brown, ao lado de Lula. “Temos de mudar a lógica financeira para permitir que pessoas e empresas se sintam seguras em usar os bancos”, acrescentou.
Consenso de Washington? Por que Brown não tentou convencer Blair a pular fora? O pior das crises é a quantidade de bobagens que se dizem sobre as crises. O mercado, no Reino Unidos, conseguiu ser mais irresponsável do que o americano. Brown deveria ter batido com as batatas na mesa: “Acabou o Consenso de Washington por aqui”.
Lula não demonstrou ânimo em relação à eficácia do pacote econômico apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que prevê um aporte de US$ 1 trilhão para compra de ativos considerados “tóxicos”. “Se o Obama tomou a decisão pensando no melhor para os Estados Unidos, ótimo. Espero que dê certo”, disse. “Mas acho que não podemos usar o pouco dinheiro que nos resta para comprar títulos que aqui chamamos de podres”, completou.
Ah, sim. Agora sim. Lula faz parte da torcida internacional para a estatização dos bancos americanos. Que “nós” é esse, cara pálida? O louro de olhos azuis Barack Obama, mesmo nessa leitura torta, está pegando o pouco de grana que resta dos louros de olhos azuis. Afinal, segundo Lula, os pretos e índios não podem doar o que nunca tiveram.
Lula afirmou ainda que entre os problemas que precisam ser enfrentados no mercado interno é o spread bancário. “Subiu demais”, disse.