Um comentário da jornalista Mônica Waldvogel
Recebo da jornalista Mônica Waldvogel o seguinte comentário. Leiam. Volto em seguida: Caro Reinaldo, você está experimentando o mesmo tratamento que recebi de ciclistas pouco tempo atrás. Como não está publicando os insultos, posso bem imaginar que você esteja sendo alvo de fúria despropositada, parecida – ou talvez até maior, compatível com o espaço de […]
Recebo da jornalista Mônica Waldvogel o seguinte comentário. Leiam. Volto em seguida:
Caro Reinaldo,
você está experimentando o mesmo tratamento que recebi de ciclistas pouco tempo atrás. Como não está publicando os insultos, posso bem imaginar que você esteja sendo alvo de fúria despropositada, parecida – ou talvez até maior, compatível com o espaço de sua análise – com o que a que tive de encarar. Uma amiga disse na segunda-feira, durante um encontro do nosso grupo de estudos em que comentávamos a morte trágica da ciclista na Av .Paulista: “Acho que São Paulo não é uma cidade adequada para a bicicleta”. “Cuidado!”, fui logo avisando. “Essa é a frase mais perigosa que um paulistano pode dizer hoje em dia!”.
Voltei
Se fôssemos eleger, entre os profissionais de imprensa, o grupo dos mais competentes, cultos e dedicados, Mônica estaria entre eles. Ela comanda, como sabem, os programas “Entre Aspas”, na GloboNews, e ‘Saia Justa”, no GNT. É uma pessoa ponderada, sempre preocupada em ouvir todos os lados de uma questão. É tolerante com aquilo de que discorda. Dialoga, debate, busca compreender as razões do outro, procurando explicitar o seu ponto de vista. Temos, é bom que saibam, algumas divergências deliciosamente — às vezes, se me permitem, flamejantemente! — insanáveis. Assim é a vida.
O comentário de Mônica tem uma razão de ser. No “Saia Justa”, há algum tempo, fez um breve comentário, nada agressivo ou militante, sobre bicicletas. Os ditos bikers não gostaram. E ela passou a ser vítima de uma campanha sórdida, vil a mais não poder, nas redes sociais. Por alguma razão que requer estudo acadêmico, multiplicaram-se os votos e ameaças de morte, a exemplo do que acontece comigo agora. São os “fascisbikers” e os “talibikers” em ação. Não representam todos os ciclistas, não. E, acreditem, isso ainda não foi o pior: multiplicaram-se também os votos de que sofresse agressões inomináveis, que só poderiam ser praticadas contra mulheres — e, acreditem, que só poderiam, na descrição detalhada que os bandidos faziam, ter bikers como agentes.
Não, ninguém está fazendo campanha contra ciclistas! Ao contrário! Eles estão convidados a aderir ao regime democrático, onde não existem soberanos. Soberana é só a lei.
PS – Nem atentaram os brutos que agredir uma Waldvogel corresponde a um duplo ataque: à civilização e à natureza. Waldvogel, o “pássaro da floresta”. Em alemão.