Um artigo de Nelson Ascher
Muitas pessoas por quem tenho grande respeito intelectual estão encantadas com Barack Hussein Obama. Elas talvez rejeitassem a palavra “encantadas” e preferissem, sei lá, “convencidas das qualidades de”. Mas há também aqueles de primeiro time que, a exemplo deste escrevinhador, acreditam que estamos diante de uma excelente personagem, construída com rigor e método. Assim, recomendo […]
Muitas pessoas por quem tenho grande respeito intelectual estão encantadas com Barack Hussein Obama. Elas talvez rejeitassem a palavra “encantadas” e preferissem, sei lá, “convencidas das qualidades de”. Mas há também aqueles de primeiro time que, a exemplo deste escrevinhador, acreditam que estamos diante de uma excelente personagem, construída com rigor e método.
Assim, recomendo a leitura do excelente texto de Nelson Ascher na Folha de hoje, intitulado “O grande desconversador”. Ascher vem de uma linhagem do colunismo que não subordina o pensamento a vagas de opinião e que escreve sem se ajoelhar no altar do politicamente correto. É dono de um texto límpido, resultado de sua formação intelectual rigorosa, que se nega a fazer concessões a vagas influentes de opinião.
Seguem trechos do artigo e links:
A irresistível ascensão de Barack H. Obama (o “H” é de Hussein, nome que, num consenso tácito, tornou-se impronunciável, como se sua menção fosse um golpe baixo) deparou-se, nas duas últimas semanas, com seus primeiros obstáculos sérios. Embora quem freqüentasse blogs especializados já soubesse não só de sua associação com o reverendo Jeremiah Wright, como do caráter pernicioso deste, para a maioria dos americanos foi uma surpresa assistir, na TV, ao mentor espiritual do provável candidato democrata à presidência dos EUA proferindo sermões nos quais vituperava contra a América.
Se muitos ao redor do mundo endossariam tais palavras, convém lembrar que, no país em questão, identificar-se com elas não é necessariamente boa propaganda eleitoral. Compelido a debelar uma crise que tentativas iniciais de negar e mudar de assunto não bastaram para abafar, Obama adotou outra estratégia e apresentou um discurso centrado no tema que, não obstante subjazer onipresente à sua campanha, ele conseguira evitar que viesse verbalmente à tona. Trata-se do tema da raça, das relações raciais.
O discurso, saudado por seus entusiastas (a mídia e a intelectualidade) como superior aos de Martin Luther King e comparável aos de Abraham Lincoln, mereceu, de observadores menos hipnotizados, juízos mais cautelosos, pois, escrita e apresentada por um brilhante advogado de Harvard cujo carisma e oratória nem inimigos questionam, a fala revela-se antes uma obra-prima da evasão e da desconversa.
(…)
Obama, percebendo o segredo de polichinelo que era a fragilidade de Hillary, entendeu que não seria impossível batê-la nas primárias do partido. E nenhum dos dois imaginava que estas acabariam sendo mais trabalhosas talvez do que a própria eleição. O resultado imediato desse duplo erro de cálculo é uma disputa interna que, ameaçando ambas as candidaturas, bem como o partido, de implosão, tornou plausível algo ainda há pouco impensável: uma vitória republicana.
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