Um Apedeuta em Cochabamba 2 – o que importa debater

E boa parte da imprensa continuará a ignorar solenemente a pauta. Age mais ou menos como no caso da opção de Hugo Chávez pela ditadura: silêncio. Até que ele se tornasse, como sintetiza a Veja desta semana, um “ditador eleito”. Mas do que estou falando? Do Foro de São Paulo, a entidade que congrega esquerdistas de toda a América Latina, incluindo o PC cubano e as narcoterroristas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Em seu discurso (ver abaixo), Lula falou a “integração energética” da região, que seria o eixo da união, e na criação de um banco de fomento sul-americano, uma idéia de… Hugo Chávez! Posso nem acreditar que essa coisa saia do papel. Mas sou obrigado a constatar que a América Latina está se tornando um jurassic park. Um dos pilares dessa integração é o presidente da Venezuela, que já anunciou a intenção de optar pela ditadura descarada, por meio das urnas, com a proposta da reeleição sem limites. Morales não tem um ano no poder e já mandou às favas os escrúpulos democráticos.

Este Lula sorridente que se vê abaixo, ladeado pelo índio de araque e pelo coronel maluco, deveria é ter dado um chute no traseiro de ambos. Para todos os efeitos, eles lhe tomaram a Petrobras. Ocorre que as coisas não se deram como o anunciado inicialmente. A empresa entrou como parte do acordo da trinca. Se um banco de fomento saísse do papel na região, é claro que o BNDES seria a sua principal força. E Chávez entraria com o seu petróleo. Reitero: acho que essa besteira não vai além da retórica. Mas isso é chute. O que importa, e isso é fato, é que Lula se uniu a dois ditadores na internacionalização das utopias do atraso.