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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Tirem Guido Mantega da Fazenda e coloquem no lugar uma cartomante; ela tem 50% de chance de acertar

E se Guido Mantega, ministro da Fazenda, fosse cartomante? Seus clientes estariam lascados! Mas, para sorte dos consulentes, ele é apenas ministro do Fazenda. Sendo assim, pode fazer previsões nas quais ninguém acredita, e tudo bem! Como não se leva a sério o que ele diz, então ninguém perde dinheiro, entenderam? Mas isso também me […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h20 - Publicado em 20 jul 2012, 21h04

E se Guido Mantega, ministro da Fazenda, fosse cartomante? Seus clientes estariam lascados! Mas, para sorte dos consulentes, ele é apenas ministro do Fazenda. Sendo assim, pode fazer previsões nas quais ninguém acredita, e tudo bem! Como não se leva a sério o que ele diz, então ninguém perde dinheiro, entenderam? Mas isso também me leva a crer que, caso tivéssemos uma cartomante no Ministério da Fazenda, a chance de acertar seria maior — de 50% ao menos. Por quê? Esperta, ciente de sua ignorância — coisa que um economista nunca é… —, ela se limitaria a prever se a economia em 2012 cresceria menos ou mais do que em 2011, sem pagar o mico de fazer previsões com a precisão de quem tem uma espingarda com a mira fora do lugar e o cano torto…

Há míseros quatro meses — e não no ano retrasado! —, o ministro previa um crescimento da economia para 2012 que poderia chegar a 4,5%. Transcrevo, em vermelho, trecho de um texto publicado numa página oficial, a “Brasil.gov”… É de 6 de março. Vejam que maravilha:

PIB brasileiro crescerá entre 4% e 4,5% em 2012, estima Mantega

Apesar de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, ter sido menor do que o esperado pelo governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve o tom otimista e prevê, para 2012, um crescimento médio próximo a 4,5%.

“O importante é que começamos 2012 com a economia se aquecendo. Isso pode ser visto pelo desempenho de novembro e dezembro. Essa trajetória continuará no primeiro e no segundo semestre de 2012, e [o crescimento do PIB] será maior do que o do ano passado, atingindo o ápice no segundo semestre de 2012, quando a economia estará crescendo mais de 5%. A média deverá ficar entre 4% e 4,5%”, disse Mantega nesta terça-feira (6), durante coletiva de imprensa.
(…)

Leiam, agora, o que publica nesta sexta a VEJA Online. Volto em seguida:
O governo reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 de 4,5% para 3%, de acordo com informações do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério do Planejamento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia revelado as novas estimativas do Planalto. Contudo, o número não havia sido oficializado em nenhum relatório até esta sexta-feira. O número, apesar de menor, continua otimista em relação a outras previsões de mercado. Segundo o Banco Central e o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia brasileira não deve avançar mais de 2,5% este ano. Já o mercado financeiro aguarda expansão de apenas 1,9% no período. Em 2011, o PIB cresceu 2,7% – bem abaixo das expectativas do governo, sobretudo no primeiro semestre, que apontavam para alta de 5%.

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O governo atribui o crescimento fraco à crise que persiste na Europa, nos Estados Unidos – e agora também resulta em desaceleração das economias emergentes, como a China. “No cenário internacional, as mais recentes decisões dos líderes europeus afastaram a possibilidade de uma crise bancária no curto prazo, mas a falta de crescimento e o encolhimento do comércio continuam a predominar nas economias avançadas”, informou o relatório.

A crise tem sido usada como justificativa pelo governo desde o segundo semestre de 2011 – período em que o crescimento começou a desacelerar. Em 2012, após inúmeras medidas de estímulo propostas pelo governo, a economia tampouco deslanchou. No primeiro trimestre do ano, houve expansão de apenas 0,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Indicadores
Os novos parâmetros presentes no relatório também consideram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,7% neste ano, mesma projeção divulgada no relatório orçamentário de maio. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2012 passou de 4,9% para 6,19%.

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O governo trabalha com uma taxa Selic média de 8,86% ao ano, abaixo dos 9,86% ao ano utilizados na revisão anterior. O Orçamento também considera câmbio médio de 1,95 real no final de 2012, ante 1,76 real utilizados em maio. A projeção de crescimento da massa salarial nominal passou de 12,01% para 12,51%. A previsão para o preço médio do petróleo em 2012 subiu 2%, de 111,64 dólares para 113,87 dólares.

“A alteração dos parâmetros reflete a redução da projeção da taxa de crescimento real do PIB para 3,0%, da taxa de juros Selic e o aumento da Massa Salarial Nominal. Além disso, indica manutenção da projeção para o IPCA e depreciação cambial, que afeta as projeções para o IGP-DI e para o preço médio do petróleo”, diz o Ministério do Planejamento em nota.

Comento
Como se informa acima e vocês estão carecas de saber, Guido Mantega é o único a falar em 3%… Para o FMI, fica abaixo dos 2,5%; para boa parte dos operadores do mercado financeiro, abaixo de 2%. O cartomante amador já errou feio, não é? Acho que está errando de novo.

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Reitero algo que já escrevi aqui. Não é papel de Mantega sair por aí baixando o astral da turma. Mas também não tem de atuar como animador de auditório. Um ministro não precisa fazer previsões pessimistas e certas, mas também deve evitar as otimistas e erradas. Num caso, passa por um realista desagradável; no outro, por um pândego bobalhão.

Essa história de que governos manejam, na verdade, expectativas é uma verdade relativa. Afinal, existe a realidade. Querem um exemplo? Boa parte da indústria está com os estoques abarrotados, sinal de que não se deve estimular a produção. Imagino Mantega a discursar no pátio da fábrica: “Vocês vão acreditar em mim ou nos seus estoques?”

Adivinhem qual seria a resposta.

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